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Mostrando postagens de 2011

Hino da França: o “outro” como elemento da formação dos Estados e das identidades nacionais.

O processo de formação dos Estados e das identidades nacionais não se dá apenas internamente. A construção de elos entre os membros de uma “comunidade imaginada” também acontece a partir de processos externos, os quais criam oposições em relação a “outros”, tornados estrangeiros. Um exemplo interessante é o Hino da França, que tem a guerra - civil e externa - como um elemento central. O hino surgiu em meio aos confrontos da Revolução Francesa: Prof. Paulo Renato da Silva.

Hino da Argentina e a formação da "comunidade imaginada".

Os hinos são representativos dos processos de formação dos Estados e das identidades nacionais. Neles é interessante analisar como são representados os membros da “comunidade imaginada”, como Benedict Anderson se refere aos Estados nacionais. A seguir, vejamos sublinhados os adjetivos e valores atribuídos aos argentinos em seu hino: Oid ¡mortales! Oid ¡mortales! e grito sagrado : ¡ Libertad , Libertad, Libertad! Oid el ruido de rotas cadenas: Ved en trono a la noble Igualdad . ¡Ya su trono dignísimo abrieron Las provincias unidas del Sud! Y los libres del mundo responden: ¡Al Gran Pueblo Argentino Salud ! ¡Al Gran Pueblo Argentino Salud! ¡Al Gran Pueblo Argentino Salud! Sean Eternos Los Laureles Que Supimos Conseguir Que Supimos Conseguir Coronados de Gloria Vivamos O Juremos con Gloria Morir O Juremos con Gloria Morir O Juremos con Gloria Morir Prof. Paulo Renato da Silva.

O Tempo na Tradição Judaico-Cristã.

Na passagem a seguir, Le Goff destaca que uma das principais novidades introduzidas pela tradição judaico-cristã foi uma concepção linear de tempo, a qual, resumidamente, começaria em Adão e terminaria com o fim do mundo. No entanto, o autor ressalta como as antigas concepções cíclicas permanecem, o que poderia ser observado, por exemplo, nas inúmeras tentativas, durante a Idade Média, de se resgatar as origens supostamente puras da Igreja Católica: “A tradição judaico-cristã apresenta também características originais. Podemos defini-las sumariamente pelos seguintes aspectos: a Idade do Ouro primitiva tem os traços peculiares do Paraíso. Se no cristianismo medieval há uma certa crença na sobrevivência de um paraíso terrestre, a escatologia cristã divide-se entre a espera – para os eleitos – de um paraíso celeste e, na terra, antes do fim do mundo, a espera de uma idade feliz ou Milênio (...). De um modo geral, sendo o tempo judaico-cristão linear, não há crenças num retorno à Idade de

Carr e o Sentido da História na Antiguidade.

No trecho a seguir, E. H. Carr explora o sentido da História na Antiguidade, ou a inexistência dele: “Tal como as antigas civilizações da Ásia, a civilização clássica greco-romana era basicamente desprovida do sentido da história. (...) Heródoto como pai da história teve poucos continuadores; e os escritores da Antiguidade Clássica, de um modo geral, não se preocuparam muito nem com o futuro nem com o passado. Tucídides acreditava que nada de significativo tinha ocorrido anteriormente aos acontecimentos por ele narrados, e que não era provável que acontecesse algo de importante posteriormente. Lucrécio inferiu a indiferença do homem em relação ao futuro da sua insensibilidade relativamente ao passado: “Considerem o modo como épocas passadas de tempo eterno, anteriores ao nosso nascimento, não constituíram assunto de nosso interesse. Isto é um espelho que a natureza nos coloca à frente, relativo ao tempo futuro posterior à nossa morte.” As visões poéticas de um futuro melhor tomavam a f

Heródoto e Homero.

No texto a seguir, Víctor de Lama de la Cruz estabelece diferenças entre Heródoto e Homero: “La Ilíada presentaba la guerra entre el pueblo griego y un pueblo asiático, el troyano, que tras una acción muy compleja se polariza entre Aquiles y Héctor. También Herodoto nos va a relatar el enfrentamiento entre griegos y asiáticos, un enfrentamiento secular que culmina en las Guerras Médicas. El historiador conoce la Ilíada y menciona el rapto de Helena por Paris – Alejandro en la obra de Herodoto – y las rivalidades seculares entre griegos y persas como factor desencadenante de las Guerras Médicas. Algunos comentaristas griegos, Aristóteles entre ellos, asimilaban Herodoto a Homero al calificarlo de “mithólogo” debido a la incorporación de leyendas en sus relatos. Sin embargo, hay unas diferencias muy claras entre el autor de la Ilíada y Herodoto que han sido muy bien perfiladas por Rodríguez Adrados: - Los poemas homéricos están en verso, mientras las Historias de Herodoto están en prosa;

Heródoto e Tucídides.

Tucídides e Heródoto foram contemporâneos. O primeiro era mais jovem do que o segundo e apresentou algumas diferenças em relação ao “pai da História”, como indica Antonio Mitre no trecho a seguir: “Inicialmente, a memória articula-se positivamente à tradição oral, e o critério de veracidade não se distancia de seus domínios, como pode verificar-se em Heródoto. Com a invenção e difusão da escrita, a Terra inteira transforma-se em uma superfície onde se inscreve a lembrança, provocando, entre outras coisas, mudanças na hierarquia dos sentidos: a vista ganha status, associando-se à idéia de verdade, e o ouvido passa a filiar-se ao enganoso canto das sereias. Logo surgirá o interrogante sobre a eficácia da palavra alada para preservar a lembranças dos acontecimentos. Para Tucídides, a memória oral, transmitida de boca em boca, afasta-se do logos e, propensa ao relato deslumbrante mas caótico, distorce o passado, enquanto a “imutabilidade do escrito é uma garantia de fidelidade”. (MITRE, An

Heródoto e a História.

Vejamos o que Pedro Paulo Abreu Funari e Glaydson José da Silva nos dizem sobre aquele que, na Idade Moderna, passou a ser considerado “pai da História”. O parágrafo a seguir é de Heródoto e os demais são comentários dos dois autores: ““Aqui está a exposição das pesquisas de Heródoto de Halicarnasso, para que as obras dos homens não sejam esquecidas, com o tempo, nem as grandes e maravilhosas façanhas realizadas tanto por gregos como por bárbaros fiquem sem glória e para mostrar as causas dos conflitos.” Nessas primeiras palavras, temos todo um programa do que seja a tarefa do historiador. Em primeiro lugar, trata-se de um relato, uma estória, uma exposição, primeiro oral e só depois escrita. Heródoto atravessou o mundo, a recolher e ver, com os próprios olhos e a ouvir com as próprias orelhas, relatando essas experiências em praça pública. Havia, desde o início, uma função pública e literária dessas leituras, que deviam tanto entreter o público como falar aos sentimentos das pessoas.

Após cátedra, Semana da Consciência Negra, trabalhos para fazer e corrigir...blog voltando e vai postar até durante as férias!

Nos próximos três meses, as postagens terão uma prioridade: retomar alguns dos principais assuntos vistos por vocês neste primeiro ano. Os alunos voltarão a postar assim que todos os trabalhos do final do semestre estiverem concluídos. Acompanhem e opinem! Prof. Paulo Renato da Silva.

A Proclamação da República Através da Imprensa Brasileira

Tomando por base os periódicos mineiros: 'O Estado de Minas Geraes' e 'A Pátria Mineira' dos dias 20 e 21 de novembro de 1889 respectivamente e a 'Revista Ilustrada' dos dias 16 de novembro e 07 de dezembro de 1889, destacaremos a abordagem feita pela imprensa acerca da proclamação da República.               Da divulgação pelos jornais A Pátria Mineira - 21/11/1889 Tendo chegado a Minas Gerais a notícia do golpe militar ocorrido no Rio de Janeiro, o Jornal 'A Pátria Mineira' publica no dia 21 de novembro de 1889: Às oito horas da manhã do dia 16, subiu à redação d' A Pátria Mineira, o jovem J. Fabrino e, tremulo de júbilo, informou de haver sido proclamada a república no Rio de Janeiro. Saímos a colher notícias, embora vagos, de alguns telegramas, chegamos a concluir que o fato era verdadeiro. Tratamos sem demora de imprimir e espalhar por toda a cidade o seguinte boletim: VIVA O EXÉRCITO E A NAÇÃO BRASILEIRA TENDO SIDO DESCOBERTO O PLANO

A 60 Anos da Reeleição de Perón.

No dia 11 de novembro de 1951, Juan Domingo Perón era reeleito presidente da Argentina para mais um mandato de seis anos. Com mais de três milhões de votos, Perón obteve vitória em todas as províncias. Na Província de Buenos Aires, venceu com mais de 800 mil votos. Seu principal adversário foi Ricardo Balbín, da União Cívica Radical, que esteve preso duas vezes por desacatar Perón. O peronismo, por ter implantado medidas sociais e trabalhistas, conseguiu um sucesso esmagador. No Congresso Nacional, a maioria era do Partido Peronista.         Jornal do Brasil. Edição de 11 de novembro de 1951. Fonte: (http://www.jblog.com.br/media/149/20101110-111151blg.jpg) Um fator de destaque nessa eleição foi a figura da mulher na sociedade argentina. Durante o primeiro governo Perón (1946-1952), inicia-se uma campanha pelo voto feminino, liderado por Eva Perón e seu recém Partido Peronista Feminino. Com essa atitude, Evita esperava receber apoio primordial para concorrer como vice-presidente,

CineDebate, Ciclo Luz, Câmera, Animação: "Persépolis".

Desde pequena a doce Marjane tinha muitos questionamentos sobre a vida. Sonhara ser profetiza porque não se conformava com muitas injustiças que percebia na sociedade e queria de alguma forma contribuir para melhorá-la. Em suas noites, enquanto criança, gostava de meditar na cama antes de dormir. Faltava entender muitas coisas e, quando seus pais ou o tio, que também lhe contava histórias junto à cama, não lhes tirava todas as dúvidas, esperava ansiosa a visita Daquele que com sabedoria viria lhe esclarecer muito dos seus questionamentos: talvez só a resposta proveniente de um ser sobrenatural pudesse nessas horas confortar o incômodo causado pela dúvida, vivia em um país onde não se podia falar muitas coisas. Mas o tempo passou e os dias, juntamente com todos os acontecimentos no seu país, se encarregaram de mudar muitas coisas na sua forma de pensar e agir. Apesar da queda da monarquia dos Xás e a implantação da república, o novo governo e sua forma de governar não trouxeram importan

15 de novembro no plural

Para consolidar definitivamente o regime republicano no Brasil era necessário registrar a versão oficial de sua proclamação que iria entrar para a história. Devido à inesperada proclamação e   à  ausência da participação popular, era de suma importância definir os papeis dos atores. Retratos O Nicromante, pelos modos, Satisfazer procura a todos: Traz Benjamin, que é o fundador, Deodoro, que é o proclamador, Floriano, o consolidador, Prudentes, o pacificador! Isto que é ser engrossador! O Paiz (19/11/1895) De muitas versões – sustentadas por grupos políticos e ideologias específicas – uma delas conseguiu impor-se perante as demais e converter-se na Versão Oficial. 15 de novembro de 1889 é o nascimento da História Oficial da República brasileira, mas qual a certeza quanto a sua veracidade? Jamais poderemos saber o que se passou no dia 15 de novembro e nem mesmo confiar absolutamente no que foi escrito para ser deixado para a posteridade – afinal, cada grupo político procurou repassar aq

Entre Maria e Marianne: A figura feminina como símbolo da República Brasileira.

Nos textos anteriores sobre a formação do imaginário republicano no Brasil, observamos a transformação de um homem em herói nacional e a importância dos símbolos nacionais.Analisaremos a tentativa dos republicanos em implantar a figura feminina no imaginário popular brasileiro. "A aceitação do símbolo na França e sua rejeição no Brasil permitem, mediante a comparação por contraste, esclarecer aspectos das duas sociedades e das duas repúblicas." (CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas – O Imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p.14). A figura feminina já era utilizada na França desde a Revolução Francesa. Antes, a monarquia era representada pela figura masculina do Rei, porém com a proclamação da República essa figura tinha que ser substituída por um novo símbolo, assim começou-se a adotar a imagem da mulher. Na Roma Antiga a figura feminina já era um símbolo de liberdade. Com o avanço da Revolução Francesa, os franceses começar

A força da tradição e a vitória do povo: Bandeira e Hino

No texto anterior sobre a formação da república, postado no dia 25,  observamos a transformação de um homem, que cerca de 100 anos após ser enforcado foi transformado em um herói nacional. Hoje continuarei a escrever sobre a temática. Analisaremos a importância dos símbolos nacionais – a bandeira e o hino – e também a forma como eles foram definidos e implantados. De acordo com José Murilo de Carvalho, os símbolos nacionais expressam o sentimento e a emoção cívica de uma nação. Eles representam muito mais do que hoje costumam ensinar nas escolas. A bandeira não é apenas um pedaço de pano colorido, com algumas cores que representam as florestas e matas do país (que aliás grande parte não existe mais), as riquezas que os portugueses nos roubaram e o céu do nosso país. Não, eles são muito mais que isso. A nossa bandeira verde e amarela é nossa marca registrada e nos representa em todas as situações - boas ou ruins - usamos suas cores com orgulho seja no momento da vitoria ou da derrota

Sarlo analisa Kirchner.

A seguir, análise de Beatriz Sarlo publicada por El País  na véspera da eleição presidencial argentina: "Nadie duda de la victoria de Cristina Fernández de Kirchner. Las elecciones presidenciales argentinas están ganadas desde las primarias abiertas que tuvieron lugar el 14 de agosto. Nada de suspense en lo que concierne a un tercer mandato. ¿Hay algo nuevo en esta situación? ¿Hay algo que tanto opositores como oficialistas pueden festejar juntos? Por supuesto. El tercer periodo del partido de Gobierno marca definitivamente que se han recorrido los tramos más peligrosos del camino iniciado en 1983 con la presidencia de Raúl Alfonsín. Lo que se llamó "transición democrática" ya es un capítulo cumplido. No hay más transición, sino continuidad institucional, sea quien sea el presidente elegido. Valdría la pena, entonces, examinar qué democracia ha quedado después de la transición. El partido de Gobierno, que une a casi todos los afluentes peronistas y lleva como rótulo Fren