No dia 11 de novembro de 1951, Juan Domingo Perón era reeleito presidente da Argentina para mais um mandato de seis anos. Com mais de três milhões de votos, Perón obteve vitória em todas as províncias. Na Província de Buenos Aires, venceu com mais de 800 mil votos. Seu principal adversário foi Ricardo Balbín, da União Cívica Radical, que esteve preso duas vezes por desacatar Perón. O peronismo, por ter implantado medidas sociais e trabalhistas, conseguiu um sucesso esmagador. No Congresso Nacional, a maioria era do Partido Peronista.
Jornal do Brasil. Edição de 11 de novembro de 1951. Fonte: (http://www.jblog.com.br/media/149/20101110-111151blg.jpg) |
Com seu discurso nacionalista, Perón continuava estatizando empresas multinacionais (empresas telefônicas, petrolíferas e companhias elétricas), fornecendo direitos trabalhistas (férias remuneradas, aposentadoria, seguro médico) e promovendo um crescimento considerável da indústria argentina. Porém, a inflação aumentava e os investidores se sentiam inseguros quanto a aplicar seus capitais. Essa crise colaborou para uma revisão de seu governo e de seu legado para a sociedade argentina. Greves e conflitos sociais tiveram um grande destaque em seu governo.
Juan e Eva Perón em 4 de junho de 1952. Fonte: (http://es.wikipedia.org/wiki/Archivo:Eva_juan.jpg) |
O principal desequilíbrio do segundo mandato de Perón foi a morte de sua mulher, Evita, vítima de um câncer uterino, apontada por muitos como a alma da “revolução trabalhadora” na Argentina. Após o golpe de Estado que depôs o presidente argentino, os militares sequestraram o seu corpo embalsamado, depositado na CGT (Confederação Geral do Trabalho) e só em 1971 foi encontrado enterrado na Itália. Enviado a Madri, cidade em que Perón residia exilado, retorna em seguida às terras argentinas.
Eva Perón vota em seu marido, no seu leito de morte. Fonte: (http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b0/Eva_Per%C3%B3n_votando_1951-Borroni-1970-72.jpg) |
No ano de 1955, Perón decretava a separação da Igreja e Estado. Segundo Maria Ligia Prado, a Igreja não via com bons olhos o excesso de atenção que o governo prestava ao proletariado. O ensino religioso deixa de existir nas escolas. Além disso, a santificação popular de Eva Perón, o controle das ações de assistência social pelo peronismo, a tolerância do governo com o crescimento protestante e a fundação do Partido Democrata Cristão ajudaram o rompimento do Estado com a Igreja. Em contrapartida, o peronismo acusava o clero de boicotar sua proposta revolucionária. O governo via no rompimento uma forma de mobilizar sua base social. Com isso, o governo começa a perder apoio, tendo como um novo inimigo político a própria Igreja Católica. Na procissão de Corpus Christi, em 1955, a oposição reúne milhares de pessoas solidárias com a Igreja.
Em 15 de julho de 1955, a aviação naval bombardeia a sede do governo na tentativa de acabar com o governo peronista. As correntes revolucionárias ligadas ao peronismo reagiram. Alguns responderam incendiando igrejas. Os militares deixam de apoiar Perón e, em setembro, insatisfeitos com o rumo que o governo seguia, criaram um levante militar, liderado pelo futuro presidente, General Lonardi, que avançava de Córdoba a Buenos Aires com o propósito de depor o presidente. Em 22 de setembro, Perón renuncia à presidência e se exilou na Espanha. Eduardo Lonardi assume o governo através de um golpe de Estado.
Mesmo exilado, Perón influenciava a vida política na Argentina. Regressa ao país em 1973, se candidata novamente à presidência e vence. Seu novo governo foi curto. Falece em 1974, deixando o governo nas mãos de sua esposa, Isabel Perón, e mitificado pelo povo argentino.
Paulo Alves Pereira Júnior - Acadêmico de História da UNILA.