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Mostrando postagens de 2018

Uma História de Amor e Fúria - Mitos e resistências do Brasil

“Viver sem conhecer o passado é andar no escuro”   O filme brasileiro “Uma História de Amor e Fúria”, produzido no ano de 2013, pelo premiado cineasta e roteirista Luiz Bolognesi (que produziu também títulos como “Bicho de sete cabeças”, “As melhores coisas do mundo” e “Chega de Saudade”), traz uma releitura histórica, a partir do artifício da ficção aliada às infinitas possibilidades da animação, de um ponto de vista social, místico e impactante. Partindo do personagem principal, que se torna imortal ao ser escolhido pelo Deus Munhã, e sua amada Janaína, que seguem lutando ao longo da História do Brasil contra Anhangá, que em muitas culturas indígenas representa o mal, o filme é centrado em quatro momentos, três deles, remontam momentos históricos brasileiros. O primeiro, os conflitos entre os Tupinambás, aliados aos franceses, e os Tupiniquins, aliados aos portugueses, o genocídio da nação Tupinambá pelos portugueses e a criação da Vila de São Sebastião do Rio de Janeiro, que p

Herói africano se torna francês

No dia 26 de maio de 2018 o malinês Mamoudou Gassama escalou em 30 segundos até o quarto andar de um prédio onde havia uma criança pendurada na varanda de um apartamento em Paris, e a resgatou. Esse ato sem dúvida mereceu elogios e recompensas e foi apreciado pelo mundo inteiro. Mamoudou se tornou um herói. O heroísmo do jovem foi recompensado pelo presidente Emmanuel Macron, tornando  Mamoudou, um imigrante sem documentos, legal. Ofereceram a ele trabalho no corpo de bombeiros de Paris. No final, para demonstrar, como sugere Benjamin Griveaux - Secretário de Estado do Primeiro Ministro e Porta-voz do Governo - como esse “ato de imensa bravura [é] fiel aos valores de solidariedades da [...] República [...]” Mamoudou foi convidado a se naturalizar francês. Pois, segundo a imigração francesa, “se tornar francês é a honra de pertencer a uma grande nação que se construiu durante séculos”. No site oficial da administração francesa, entre os requisitos solicitados para a naturalização, es
Boa tarde! O Laboratório de Estudos Culturais e o Observatório das Religiões na Latinoamérica, convida a todos para a palestra "Ayurveda na História"!

Pachucas: estética y resistencia femenina en la frontera

Años ‘40, Estados Unidos: la guerra, el racismo y la xenofobia estaban a la orden del día. En medio del caos, nacía en Los Ángeles la contracultura pachuca. De origen mexicano, migraban al norte en busca de trabajo, llegan a EE UU y se asientan en barrios periféricos, cubriendo los puestos laborales que los yanquis desprecian. Después de los negros, “los hispanos” ocupaban los escalones más bajos de la estructura social norteamericana; […] o rótulo étnico “hispanos” serve como índice da ansiedade de homogeneização anglo-europeia, que costuma colocar seus “outros” sob um mesmo guarda-chuva étnico, sem levar em conta as diferenças nacionais, culturais e raciais desses povos — que, na maior parte das vezes, vivem dentro território hegemônico porque foram conquistados em sua própria terra (como é o caso dos mexicanos-americanos, ou chicanos, nos EUA). (TORRES, 2001) Alcanzan protagonismo en la prensa como bandidos, troublemakers , grasientos mexicanos. Hombres vestían sacos súper

Inca Garcilaso de la Vega: Entre dois mundos

Este texto analisa alguns trechos da obra Comentarios Reales de los Incas de Gómez Suárez de Figueroa (1539-1616), também popularmente conhecido como Inca Garcilaso de la Vega. Narro aqui, o ponto de vista do autor acerca da sociedade peruana, as percepções e discursos que ele, como mestiço, possuiu durante o processo colonizatório que estava em andamento na história do Peru. Alguns enfoques dados pelo autor envolvem a análise do conjunto de indivíduos que habitavam esta região, sua condição de bárbaros e a ausência de estratos sociais que auxiliassem o progresso ou evolução dos ditos povos. Acima de qualquer aspecto, se aponta o modo de considerar necessária a transição do culto de “seres inferiores”, para a substituição pelo cristianismo e a influência exercida decisivamente pelos incas sobre os outros povos, através do domínio soberano de seu Império. Em sua narrativa é resgatada uma espécie de “pré-história” do Peru, que ocorre em uma trajetória linear a partir dos costumes e c

LEITURA DE CÓDICES INDÍGENAS E MANUSCRITOS COLONIAIS

Venha participar das reuniões do Grupo de Leitura de Códices Indígenas e Manuscritos Coloniais. Os encontros acontecem no Centro de Documentação e Memória, Sala 302 do Jardim Universitário, nas quartas-feiras às 15 horas. A atividade consiste em estudos de aproximação e decifração de formas antigas de escrita dos indígenas em regiões do atual México e Guatemala e de manuscritos da época colonial, como a escrita gótica comum em processos inquisitoriais. Os estudos também se concentram em formas híbridas de pictografias com a letra castelhana dos séculos XVI e XVII. Nesta oficina   todos estamos aprendendo com o apoio de obras de especialistas e com publicações e imagens dos documentos. Professor Alexandre Varella.

Pedagogia da Autonomia: uma reflexão a respeito da contribuição de Paulo Freire nesse momento de formação

O ano é 2018. Trato mais especificamente do último ano do curso e tudo gira em torno dos últimos preparativos para a sua conclusão. Engana-se quem pensa que o sentimento é de euforia e de plenitude. Há algumas pendências a serem resolvidas, principalmente tratando da motivação para o exercício de lecionar. A desmotivação com a profissão provocada pelas recentes medidas do governo, tanto na questão do sucateamento de investimentos, como na desvalorização dos professores, sã o fatores que pesam e nos fazem refletir sobre a escolha. Entretanto, ao mesmo tempo que as forças desmotivadoras agem, outros personagens entram em campo, fazendo-nos repensar e mostrando-nos a importância de – ainda – acreditar e lutar pela educação. Falo especificamente de Paulo Freire e de seu livro Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa . Como o nome do livro já adianta, ele faz uma abordagem a respeito da base de conhecimento necessário para a atuação do profissional da educ

200 anos do nascimento de Karl Marx, 130 anos da Abolição da Escravatura: datas históricas, momentos de comemoração e reflexão

2018 é o ano de celebração do bicentenário de nascimento de Karl Marx (1818-1883). É também o ano que marca os cinquenta anos das manifestações de Maio de 1968, na França, da Primavera de Praga, na então Tchecoslováquia, e da violenta repressão às manifestações estudantis na Praça das Três Culturas, Tlatelolco, na Cidade do México. Completam-se cem anos do fim da Primeira Guerra Mundial, cento e trinta anos do fim da escravidão no Brasil, e setenta anos da fundação do estado de Israel e da Nakba (a “catástrofe”), o êxodo de palestinos expulsos de suas casas em 1948. O estudo da história foi, em certas épocas, marcado pela importância das efemérides , datas consideradas significativas em razão de acontecimentos políticos, sociais ou artísticos dignos de formar uma cronologia nacional ou mundial. O ensino de história acentuava a importância da memorização dessa cronologia pelos estudantes, parte de uma educação cívica nacionalista que reforçava os momentos de comemoração de eventos e

Cambios y Permanencias En la Estructura Agraria Chilena 1964 - 2011

Gravura retratando o arado no Chile, presente na obra Travels into Chile over the Andes (1824) , de Peter Schmidt Meyer. Obra disponível em http://www.memoriachilena.cl/archivos2/pdfs/MC0051707.pdf, acesso em 9 de agosto de 2018 Durante los últimos 50 años, la agricultura chilena ha sufrido grandes cambios estructurales, los cuales han sido influenciados por diferentes intereses políticos y económicos de los grupos que han gobernado el país en los últimos años. Son dos los principales acontecimientos que motivaron estos cambios. El primero de estos acontecimientos es el combate al latifundio en Chile a través de una Reforma Agraria entre los años 1964-1973, y el segundo, es la realización de un golpe militar en septiembre del año 1973, donde se inicia un proceso de contrarreforma y se instaura un modelo económico neoliberal. Cada uno de estos hechos ha tenido sus repercusiones hasta el día de hoy. Una de estas repercusiones ha sido la alta concentración de la tierra en manos de

Tensões na região da Fronteira Trinacional: Modernidade, Desenvolvimento e Memória

Medalha contendo imagem da estátua do "Homem de Aço", homenagem aos barrageiros de Itaipu. Imagem extraída de http://www.tudorleiloes.com.br/peca.asp?ID=3334165&ctd=8&tot=&tipo=, acesso em 19 de julho de 2018 Vivemos em uma sociedade que transborda conflitos e tensões, esses ainda estão presentes e se manifestam ao longo de nossa história e memória, dialogando diretamente com as historicidades dos indivíduos. O passado é fruto de construções e reconstruções, perpassa por aspectos políticos, culturais, sociais, econômicos e identitários . P ortanto, no caso da Fronteira Trinacional a história não se mostra diferente . P alco de disputas territoriais entre Argentina, Brasil e Paraguai. Conforme definido por Souza (2017, p.41) a região foi habitada somente por indígenas até 1880, e em meados de 1881, o lado brasileiro passou a receber os colonos pioneiros que exploravam a erva-mate, posteriormente, por volta de 1889 foi construída uma Colônia Militar,

De Chávez a Maduro: o baque da transição

O blog publica hoje colaboração do jornalista Lucas Berti, sobre as últimas eleições na Venezuela. O texto foi escrito antes do pleito, e apresenta análise da história recente do país, em especial da transição entre os governos Hugo Chávez e Nicolás Maduro. A colaboração foi feita por intermédio da estudante do curso de História - América Latina da UNILA Bia Varanis. Agradecemos ao Lucas e à Bia por essa participação no blog. De forma atemporal e independente dos resultados, as eleições presidenciais na Venezuela refletem além das fronteiras. A simples expectativa por votações em nível federal, que coloca a densa crise política do país à prova, evoca mais do que um teste de fogo interno aos caribenhos. Pelo grande nível de desconfiança em torno da votação, o chavismo virou presa. E Maduro, por tabela, também. Em 2014, quando Nicolás Maduro debutava no poder em Miraflores, sede do poder em Caracas, o país a noroeste da Amazônia ainda vivia o luto pela morte de Hugo Chávez.

Dia Internacional do Ioga no Blog de História da UNILA

No dia 21 de junho de 2015, celebrou-se pela primeira vez o Dia Internacional do Ioga. A criação desta celebração internacional de um conjunto milenar de princípios e práticas, estreitamente associado ao Sul da Ásia, foi realizada por meio de uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, em dezembro de 2014. Para lembrar a data, que este ano traz o lema de “Ioga para a paz”, indicamos a leitura de duas postagens do ano de 2016 sobre Ioga: Ioga na história (Parte I): http://unilahistoria.blogspot.com/2016/07/ioga-na-historia-parte-i.html Ioga na história (Parte II): http://unilahistoria.blogspot.com/2016/07/ioga-na-historia-parte-ii_11.html Fonte da imagem: http://www.un.org/en/events/yogaday/ Profa. Mirian Santos Ribeiro de Oliveira

Sujismundo ou como a ditadura nos olhava: o autoritarismo e a associação entre povo, sujeira e doenças

Retomamos as postagens do Blog de História da UNILA em 2018 com post do prof. Paulo Renato, a respeito de campanha de higiene da Ditadura Militar brasileira dos anos 1970, que muito nos revela acerca das visões daquele regime sobre o povo. Boa leitura! Em tempos de intervenção militar no Rio de Janeiro e de pré-campanha eleitoral na qual candidatos e eleitores expressam o seu saudosismo pelos tempos da ditadura no Brasil, cabe lembrar que a visão autoritária dos militares sobre o povo brasileiro se manifestava inclusive sobre práticas simples do cotidiano. Conforme destacam Maria Hermínia Tavares de Almeida e Luiz Weis, nos “(...) regimes de força, os limites entre as dimensões pública e privada são mais imprecisos e movediços do que nas democracias” (ALMEIDA; WEIS, 1998, p. 327). Um exemplo dessa visão autoritária pode ser vista em Sujismundo, personagem patrocinado pela ditadura na década de 1970. Sujismundo foi para as telas da televisão e até mesmo dos cinemas para “educar”