Pular para o conteúdo principal

O futurismo.

"Poste de iluminação" (1909) de Giacomo Balla.

A seguir, um resumo – bem resumido – do livro "Futurismo", de Richard Humphreys. O futurismo foi um movimento artístico surgido no início do século XX no norte da Itália, região mais desenvolvida do país em termos capitalistas, e teve implicações políticas, como a apropriação de algumas de suas ideias pelo fascismo. O futurismo foi liderado pelo poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti e repercutiu em outros países como a Inglaterra, a Rússia e inclusive o Brasil. Foi um movimento heterogêneo, mas foi caracterizado, basicamente, pela exaltação da “modernidade” e pela crítica à arte tradicional, vista como estática, inerte, não condizente com o mundo “moderno”:
“(…) “Manifesto de fundação do futurismo”, publicado (…) na primeira página do mais importante jornal conservador francês, Le Figaro (…): “Que venham os alegres incendiários de dedos chamuscados! Ei-los! Ei-los que chegam! […] Venham! Ateiem fogo às estantes das bibliotecas! Desviem os canais para inundar os museus! […] Oh, a alegria de ver as vetustas e gloriosas telas boiando sem rumo nessas águas, descoradas e rasgadas! […] Armem-se de picaretas, machados, martelos, e deitem por terra, deitem por terra sem piedade as cidades veneráveis!”
(…).
(...) o ponto central é o mundo moderno vivenciado pelos moradores da cidade do século XX, todo feito de movimento, dinamismo, transparência e luz radiante e colorida. A consciência humana, neste mundo, é inquieta, multidimensional, e “não nos permite enxergar o homem como o centro da vida universal. O sofrimento humano oferece o mesmo interesse que o de uma lâmpada elétrica que, com estremecimentos espasmódicos, grita as mais comoventes expressões de cor”. O homem e seu meio estão numa relação dinâmica constante, na qual “o movimento e a luz destroem a materialidade dos corpos” (…).
(…).
O futurismo, como movimento abrangente na arte e na vida, disposto a “reconstruir o universo”, foi muito além da pintura e da literatura. Acompanhando o “Manifesto dos músicos futuristas” de Francesco Balilla Pratella (1910), que atacava o bel canto e a ópera italiana e proclamava o advento da atonalidade e dos ritmos irregulares, Russolo publicou A arte dos ruídos em 1913. Ele se orgulhava do fato de não possuir treinamento musical, afirmando que isso lhe permitiria realizar uma “grande renovação” na música mediante a reação aos ruídos do mundo moderno:

Percorramos uma grande capital moderna com os ouvidos mais alertas que os olhos e teremos o prazer de distinguir a contracorrente da água, do ar e do gás nas tubulações de metal, o rumor que pulsa e respira com indisputável animalidade, o palpitar das válvulas, o vaivém dos pistons, o uivar das serras mecânicas, o balançar de um bonde nos trilhos, o chiar das correias nas polias, o vibrar das cortinas e das bandeiras.”

(HUMPHREYS, Richard. "O Futurismo". São Paulo: Cosac & Naif, 2001. p. 6-43).
Prof. Paulo Renato da Silva.
Professores em greve!

"Construção para uma metrópole moderna" (1914) de Mario Chiattone.

Postagens mais visitadas deste blog

A política cultural da Revolução Cubana: o suplemento cultural "El Caimán Barbudo".

El Caimán Barbudo surgiu no ano de 1966, como encarte dentro do jornal Juventud Rebelde. O encarte tinha como objetivo mostrar a capacidade intelectual existente dentro dos novos escritores dos anos 50 em diante em Cuba, ou seja, o que o diretor Jesús Díaz realmente queria era que a juventude intelectual começasse a se desprender dos escritores mais antigos, como é o exemplo de José Martí.   El Caimán Barbudo teve suas crises logo no início, pois no primeiro ano Jesús Díaz teve que abandonar a direção do suplemento devido a artigos polêmicos, principalmente artigos de Herberto Padilla. A saída de Jesús Díaz deu origem à segunda fase do suplemento, quando se intensifica o controle da União de Jovens Comunistas sobre o jornal Juventud Rebelde.   A Revolução começou a se fixar em Cuba e a partir de então começava uma grande discussão para definir como seriam as obras revolucionárias, escolhas essas não somente de tema, mas também de linguagem, como se evidenciou no segundo ...

Preservação ambiental x Modernidade: O caso das cataratas

A evolução das tecnologias e de seu progresso na sociedade moderna pode causar em nós a impressão de que os avanços tecnológicos são, ou serão em breve, capazes de corrigir os danos ambientais acumulados de um extenso período de uso e exploração de recursos naturais pela sociedade moderna, cada vez mais numerosa e caracterizada principalmente pelo consumo. Entretanto, se torna cada vez mais clara uma crise ambiental marcada pelas mudanças climáticas, pela poluição do ar, da água e do solo, impactando a vida das pessoas e as relações econômicas nas sociedades, causando desequilíbrio nos ecossistemas. A perspectiva caótica da crise somada a falta das aguardadas soluções tecnológicas sugere uma revisão dos valores colocados nas relações entre o homem e a natureza, em direção a um desenvolvimento que seja essencialmente sustentável.  Disponível em: Google Maps, 2024. Parque Nacional das Cataratas do Iguaçu, PR. -25°68'18.8"N, -54°43'98.2"W, elevation 100M. 3D map, Buildi...