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Mostrando postagens de maio, 2013

Botero: releituras da história da arte.

O pintor colombiano Fernando Botero, nascido em Medellín em 1932 e ainda em atuação, tem um estilo muito particular, inclusive chamado por alguns de “boterismo”. O pintor é conhecido, principalmente, por acentuar o volume dos corpos das pessoas e dos animais que representa. Essa característica levou Botero a se apropriar de cânones da pintura universal, dos quais fez uma leitura bastante peculiar, como demonstram os exemplos a seguir, mas existem outros. Por um lado, a releitura desses cânones indica a valorização, o reconhecimento desses artistas por Botero. Mas, por outro, Botero, usando de sua liberdade (re)criadora, subverte os padrões consagrados. Na próxima postagem seguimos com Botero. Mona Lisa de Botero (1977/1978). Después de Piero della Francesca de Botero (1998) de Botero. Comparem com a obra "original" na postagem de 10 de maio deste ano. Prof. Paulo Renato da Silva.

50 Anos de "Rayuela", de Julio Cortázar.

Um dos livros mais importantes da literatura latino-americana completa 50 anos. Trata-se de Rayuela , do escritor argentino Julio Cortázar (1914-1984). O livro foi traduzido no Brasil como O Jogo da Amarelinha . É um livro inovador. O leitor, por exemplo, pode ler os capítulos na ordem que desejar, não foram escritos para serem lidos necessariamente na sequência. Confira o especial do Clarín sobre o livro:  < http://www.clarin.com/tema/rayuela.html >. Prof. Paulo Renato da Silva.

Museus paraguaios.

O jornal paraguaio ABC Color lançou uma edição especial sobre os museus do país. Conheça mais sobre os museus do Paraguai em < http://www.abc.com.py/especiales/museos-del-paraguay/ >. Prof. Paulo Renato da Silva.

"Amor Sacro e Amor Profano", um comentário.

Segue o prometido comentário sobre Amor Sacro e Amor Profano : “Efectivamente, el tema del cuadro está relacionado con el amor, algo incuestionable dado el protagonismo que en él asume Cupido, pero no con el amor mismo, que siempre se ha representado a través de un personaje masculino, sino con Venus. Las dos Venus , o Las Venus gemelas (Panofsky, 1972), resultaría un título más adecuado para esta composición, en la que Tiziano representó a dos mujeres sentadas en el borde de una fuente cuyas aguas remueve Cupido con la mano. Las dos se parecen mucho, sólo que una de ellas está desnuda y sostiene en su mano una lámpara encendida, mientras que la otra está vestida y lleva en sus manos un ramillete de rosas y una vasija de oro. Semejantes pero distintas, las dos mujeres pintadas por Tiziano se insertan dentro de una tradición que ya tenía otros precedentes ilustres en el arte renacentista: las dos diosas pintadas por Botticelli en La Primavera (hacia 1482, Florencia, Galería de los

Lendo imagens: "Amor Sacro e Amor Profano" de Tiziano.

Hoje propomos um exercício de leitura de uma pintura renascentista, Amor Sacro e Amor Profano (1514), de Tiziano (ca. 1473/1490-1576): 1 – Quais são os elementos principais da imagem? Quais são os secundários? Para detectar isso, é importante observar, dentre outros pontos: 1.1. quais estão representados em primeiro plano e quais não estão; 1.2. o tamanho dos elementos representados; 1.3. o jogo entre luz e sombra feito pelo artista. 2 – Podemos dizer que há uma narrativa principal na pintura. Uma narrativa marcada por uma tensão. Qual seria a narrativa/a tensão presente na pintura? Por quê? Como a imagem te diz isso? Por que seria uma narrativa/uma tensão “tipicamente” renascentista? O título de um quadro pode dar pistas importantes. 3 – Podemos dizer, também, que se trata de um quadro alegórico. De um modo bastante resumido, uma alegoria tem significados muito além do aparente, do que vemos. Assim, que outras narrativas/tensões estariam representadas na pintura? 4 - J

A perspectiva na pintura renascentista.

Outra característica da pintura renascentista é o aprimoramento da perspectiva. Vejamos como a Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais se refere ao tema: “Técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da profundidade espacial. Os desenvolvimentos da ótica acompanham a Antigüidade e a Idade Média, ainda que eles não se apliquem, nesses contextos, à representação artística. É no   renascimento   que a pesquisa científica da visão dá lugar a uma ciência da representação, alterando de modo radical o desenho, a pintura e a arquitetura. As conquistas da geometria e da ótica ensinam a projetar objetos em profundidade pela convergência de linhas aparentemente paralelas em um único ponto de fuga. A perspectiva, matematicamente fundamentada, desenvolve-se na Itália dos séculos XV e

A luz na pintura renascentista.

Muitas vezes a luz é apresentada como uma das principais características da pintura renascentista. Ou seja, a claridade predominaria nas pinturas. Esse predomínio da luz sobre a sombra costuma ser explicado como um sinal do otimismo do período, quando os homens teriam vencido as “trevas” da Idade Média. Mas precisamos tomar alguns cuidados com essa explicação. Em primeiro lugar, já vimos que não é adequado separar rigidamente o Renascimento da Idade Média. Vimos, por exemplo, que a própria Igreja foi uma das principais patrocinadoras do Renascimento. Além disso, a luz que se destaca na pintura renascentista deve ser entendida, também, como um exemplo da preocupação dos artistas em representar com “realismo” o mundo ao seu redor. Vale lembrar que um dos principais berços do Renascimento foi a região da Toscana, no norte da Itália, conhecida por sua peculiar luminosidade. Artistas de outros países e regiões iam à Toscana para aprender pintura e, evidentemente, foram influenciados

"Mulher, negra, doméstica, sindicalista".

Em 13 de maio o Brasil comemora a abolição dos escravos. Hoje, no blog, destacamos uma personagem pouco conhecida, mas muito representativa de como a luta por direitos prosseguiu – e prossegue – após a abolição. Trata-se de Laudelina de Campos Mello. Neta de escravos, Laudelina foi uma pioneira na organização das empregadas domésticas, tema que, recentemente, ganhou as manchetes pelos direitos finalmente conquistados pela categoria. Em 1936, Laudelina fundou a Associação de Empregadas Domésticas em Santos, Estado de São Paulo. Em 1961, em Campinas, também Estado de São Paulo, fundou a Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas. Em 1988, na mesma cidade, fundou o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos. Em 1990, Laudelina deu uma entrevista para a revista Trabalhadores : “A infância não foi [uma coisa boa]. Era sempre tratada como “negrinha”, “pererê”, “saci pererê”, “macaca”, sempre assim, né?, ninguém chamava pelo nome. Eu tinha uma revolta dentro de mim. Sem

Arte, cor e poder.

Já falamos da preocupação “realista” de muitos artistas do Renascimento ao retratarem o mundo ao ser redor. Porém, nenhuma obra de arte é uma cópia idêntica da “realidade”. Por exemplo, no Renascimento, a cor azul era obtida, muitas vezes, a partir do lápis-lazúli, uma pedra preciosa de elevado valor. Assim, seu uso em uma pintura não necessariamente representava o que o pintor via ao seu redor; o emprego do azul, em muitos casos, visava demonstrar o poderio econômico do que tinha encomendado a obra. O mesmo vale para a pintura de temática religiosa: o emprego do azul não necessariamente tinha um significado especial. Storie di San Nicola , de Fra Angelico (1387-1455). Fra Angelico é considerado um precursor do Renascimento. Prof. Paulo Renato da Silva.

O retrato e o auto-retrato no Renascimento.

Vimos que, no Renascimento, ainda não havia um conceito de identidade/individualidade estabelecido como o que temos atualmente. Entretanto, destacamos que o conceito começava a se estabelecer, por exemplo, entre os artistas, como mostra La Fornarina , na qual o pintor Rafael escreveu seu nome. Outro exemplo do estabelecimento gradual do conceito de identidade/individualidade é a proliferação de retratos e auto-retratos durante o Renascimento. Por vezes, essa proliferação é apresentada como um modo de a burguesia dar um status para si naquela sociedade ainda dominada por nobres. Trata-se de uma explicação pertinente, mas incompleta, pois muitos nobres e, dentre eles, muitos clérigos também encomendaram retratos. Ou seja, não se trata de um processo restrito a uma classe – para usarmos o conceito marxista –, mas referente às transformações culturais do período. Além de indicar o estabelecimento gradual do conceito de identidade/individualidade que conhecemos atualmente, a prolifera

Renascimento: imitação, criação e autoria.

Uma das principais características da arte renascentista era a imitação dos clássicos, ou seja, dos antigos greco-romanos. Nota-se, portanto, um conceito distinto de autoria do que temos hoje. Para nós autoria quer dizer criatividade, originalidade e não imitação. Mas, no Renascimento, conceitos como individualidade, individualismo e identidade ainda não estavam consolidados. Porém, Peter Burke destaca que a imitação renascentista não impedia que os artistas criassem enquanto tentavam reproduzir os antigos, pois, em muitos casos, restaram somente vestígios de determinados elementos da Antiguidade e, portanto, era necessário imaginar como tinham sido. Além disso, muita coisa tinha mudado entre os antigos e os renascentistas: “Um dos conceitos-chave dos humanistas era o de “imitação”; não tanto a imitação da natureza mas antes a dos grandes escritores e artistas. Hoje, esta noção tornou-se estranha. Acostumámo-nos à ideia de que poemas e pinturas são expressões dos pensamentos e sen

Renascimento: antropocentrismo x teocentrismo?

Hoje retomamos a série sobre História da Arte. Nesta retomada enfocaremos o Renascimento. Porém, antes de enfocar a arte no período, cabe esclarecer um ponto importante sobre o Renascimento. Na escola, é bastante comum aprendermos que o Renascimento foi uma ruptura com a Idade Média. Segundo essa explicação, o Renascimento teria colocado o homem (antropocentrismo) e a razão em primeiro plano, em detrimento de Deus (teocentrismo) e da religião, os quais teriam dominado a Idade Média. O Renascimento foi um processo de rupturas com a Idade Média, sem dúvida. Porém, essa explicação é incompleta. Vejamos, por exemplo, A Escola de Atenas (1506-1510) de Rafael (1483-1520): No centro, Platão e Aristóteles. Ao redor, outros filósofos, astrônomos, matemáticos e pintores. A pintura mostra, assim, como o Renascimento deu destaque ao homem e à razão. Mas existe um dado curioso, menos conhecido: a obra foi encomendada pela Igreja, pelo papa Júlio II (1443-1513). Logo, o Renascimento ne