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"Mulher, negra, doméstica, sindicalista".



Em 13 de maio o Brasil comemora a abolição dos escravos. Hoje, no blog, destacamos uma personagem pouco conhecida, mas muito representativa de como a luta por direitos prosseguiu – e prossegue – após a abolição. Trata-se de Laudelina de Campos Mello. Neta de escravos, Laudelina foi uma pioneira na organização das empregadas domésticas, tema que, recentemente, ganhou as manchetes pelos direitos finalmente conquistados pela categoria. Em 1936, Laudelina fundou a Associação de Empregadas Domésticas em Santos, Estado de São Paulo. Em 1961, em Campinas, também Estado de São Paulo, fundou a Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas. Em 1988, na mesma cidade, fundou o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos. Em 1990, Laudelina deu uma entrevista para a revista Trabalhadores:
“A infância não foi [uma coisa boa]. Era sempre tratada como “negrinha”, “pererê”, “saci pererê”, “macaca”, sempre assim, né?, ninguém chamava pelo nome. Eu tinha uma revolta dentro de mim. Sempre fui maltratada, a gente não tinha direito de entrar num lugar aonde o branco estava, mesmo depois da falsa carta de liberdade que a gente recebeu, uma carta condicional, né?, não recebemos liberdade.” (1990, p. 27).
Referência bibliográfica:
Mulher, negra, doméstica, sindicalista. Trabalhadores, Campinas, 1990.

Prof. Paulo Renato da Silva.

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