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A luz na pintura renascentista.


Muitas vezes a luz é apresentada como uma das principais características da pintura renascentista. Ou seja, a claridade predominaria nas pinturas. Esse predomínio da luz sobre a sombra costuma ser explicado como um sinal do otimismo do período, quando os homens teriam vencido as “trevas” da Idade Média. Mas precisamos tomar alguns cuidados com essa explicação.
Em primeiro lugar, já vimos que não é adequado separar rigidamente o Renascimento da Idade Média. Vimos, por exemplo, que a própria Igreja foi uma das principais patrocinadoras do Renascimento.
Além disso, a luz que se destaca na pintura renascentista deve ser entendida, também, como um exemplo da preocupação dos artistas em representar com “realismo” o mundo ao seu redor. Vale lembrar que um dos principais berços do Renascimento foi a região da Toscana, no norte da Itália, conhecida por sua peculiar luminosidade.
Artistas de outros países e regiões iam à Toscana para aprender pintura e, evidentemente, foram influenciados pelo tratamento que ali se dava à luz. Entretanto, quando retornavam aos seus locais de origem, trabalhavam a luminosidade a partir das suas experiências. A luminosidade da Toscana não era – e não é – tão frequente, por exemplo, na Inglaterra ou nos Países Baixos. Resumindo, o Renascimento não se restringiu à Itália e apresentou particularidades histórico-culturais no restante da Europa.
Ficheiro:Piero della Francesca 045.jpg
Batismo de Cristo, de Piero della Francesa (1415-1492), é um exemplo do predomínio da luz na pintura renascentista. Piero della Francesca era da Toscana. Apesar de se tratar de uma pintura de temática religiosa, é interessante como o artista representou o ambiente que circunda a cena a partir dos seus referenciais.
Image
Paisaje Nevado, do pintor flamenco Pieter Brueghel, "o jovem" (1564-1638). Em relação à pintura anterior, se nota um tratamento diferente quanto à luz, mesmo porque se trata da representação de uma paisagem de inverno. Brueghel é um dos vários artistas europeus do período que passou pela Itália. É conhecido como "o jovem", pois o seu pai, de mesmo nome, também era pintor.

Prof. Paulo Renato da Silva.

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