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O recorte temporal.

O recorte temporal é fundamental para a pesquisa em História. Afinal, segundo a definição clássica de Mar Bloch, a História é a ciência “dos homens, no tempo” [grifo meu]. (BLOCH, 2001, p. 55).
Não é fácil delimitar o recorte temporal. A delimitação exige muito conhecimento sobre o tema a ser pesquisado, pois apenas assim detectamos questões e períodos menos estudados e onde residem as principais dúvidas e “contradições” da historiografia. A disponibilidade de fontes também é um elemento que incide sobre a delimitação do recorte. Temas e períodos marcados por menor disponibilidade de fontes geralmente resultam em recortes temporais mais amplos para que seja possível apreender as rupturas e permanências que nós historiadores sempre buscamos. Raramente encontramos, por exemplo, um estudo sobre a “Antiguidade” ou sobre a “Idade Média” restrito a dois ou três anos. Ou seja, a delimitação do recorte temporal depende da formulação de um problema a ser investigado e da existência de condições que viabilizem o desenvolvimento do trabalho.
O recorte temporal tampouco é um elemento neutro na pesquisa. Ao analisarmos a historiografia devemos estar atentos aos recortes temporais escolhidos pelos autores que usamos. Pesquisas podem ignorar determinados períodos para legitimar governos e movimentos políticos, evitar questões polêmicas e ou isentar determinados sujeitos, grupos ou instituições de casos embaraçosos.
Referências bibliográficas:
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
Prof. Paulo Renato da Silva.

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