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As Mulheres na Ditadura Duvalierista.

Papa Doc ao criar a sua própria milícia, considerou as mulheres. Existiu efetivamente um ramo feminino dos Tontons Macoutes. As Fillettes Laleau foram comandadas por Madame Max Adolphe. Rosalie Bosquet (1925-?), mais conhecida por Madame Max Adolphe, conquistou a confiança de Papa Doc depois que este sofreu um atentado. Foi promovida a Chefe Suprema das Fillettes Laleau e comandou durante algum tempo os interrogatórios em Fort Dimanche. Perdeu influência durante o governo de Jean Claude Duvalier. Seu paradeiro após o fim da ditadura é desconhecido. Sobre ela pairam denúncias de sua atuação em Fort Dimanche onde teria cometido inclusive violência sexual contra os prisioneiros. Madame Max Adolphe é tida como uma espécie de braço direito de Papa Doc ao lado de Luc Desyr, chefe dos Tontons Macoutes.


Simone Ovide nasceu como filha ilegítima de um rico mulato Jules Faine e da empregada negra de Faine, Celie Ovide. Foi abandonada em um orfanato e sua infância e adolescência foi em meio a pobreza. Posteriormente aprendeu a profissão de enfermeira e se casou com o médico François Duvalier. Ocupou o cargo de primeira dama, concentrando poder político. Em 1971, com a morte de François Duvalier, herdou a “presidência para a vida” seu filho Jean Claude Duvalier, o Baby Doc, que tinha 19 anos e totalmente inexperiente. Dessa forma, Simone terá usufruído grande influência sobre as decisões do governo. Ao que consta, ela também seria uma especialista em vodu, assim como seu marido.[1]

Simone Ovide ao lado de seu filho o ditador Jean Claude Duvalier, em 1975. Disponível em: http://kreyolicious.com/wp-content/uploads/2012/08/duvalier-11-75.jpg Acesso: 03/05/2014.

Baby Doc acompanhado de suas irmãs Nicole e Marie-Denise Duvalier. Disponível em: http://kreyolicious.com/wp-content/uploads/2012/01/duvalierlatinamericanstudiesorg1.jpg Acesso: 03/05/2014. Nos primeiros anos da ditadura, Nicole e Marie-Denise – a época crianças – foram vítimas de um sequestro frustrado.

Yvone Hakim Rimpel, jornalista e feminista haitiana, foi uma das primeiras vítimas do regime ditatorial. Yvone foi uma das fundadoras da primeira organização feminista do Haiti, em 1934. Em 1957 apoiou o candidato Louis Dejoie e com a vitória de Duvalier, criticou aspectos de seu governo. No início do ano de 1958 foi atacada por ordens de François Duvalier, espancada e estuprada foi deixada inconsciente na rua. Durante décadas manteve-se em silêncio e somente tornou público este caso em 1986 com o fim da ditadura.[2]
Muitas outras mulheres foram igualmente espancadas e assassinadas, como Rosette Bastien:

Disponível em: http://www.bloncourt.net/index-24.html Acesso: 03/05/2014.

Samuel Cassiano - estudante do Curso de História - América Latina, da UNILA.


[1] ROTHER, Lerry. Simone Duvalier, the 'Mama Doc' of Haiti. 1997, disponível em: http://www.nytimes.com/1997/12/31/world/simone-duvalier-the-mama-doc-of-haiti.html Acesso: 03/05/2014.

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