Pular para o conteúdo principal

¿Gaitán como “populista”?


Apresentaremos aqui o estudo de Bernardo Congote Ochoa sobre a definição/o conceito de populismo e como isso foi erraticamente associado a Jorge Eliécer Gaitán, candidato à presidência da Colômbia assassinado em 1948.
O primeiro fato que o autor se preocupa é: os populismos “tradicionais” latino-americanos (Argentina, Brasil e México) estariam próximos das condições existentes na Colômbia, ou “populismo” seria apenas um termo utilizado pelos adversários de Gaitán de modo pejorativo, procurando “rebaixar/difamar” politicamente a este líder político do Partido Liberal.
Para Ochoa (2006), citando Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faleto, o populismo representa a burguesia industrial atrelada a setores de classe média, que objetivava conseguir uma representação própria. O populismo estaria relacionado a uma etapa de mudança econômica (para ser mais correto, de transição econômica) chamada de substituição de importações, o que possibilitou a industrialização e, com isto, o aumento da massa urbana e de trabalhadores (operários) nos centros urbanos: “Pero no existindo estas condiciones de estructuras, se evidencia que, con o sin Gaitán, la sociedad colombiana no estaba ni ha estado madura para un experimento populista de corte clássico” (OCHOA, 2006. p. 344). Sobre isso, Ochoa (2006) nos lembra que na década de 1940 a Colômbia ainda era um país essencialmente agrário (ou agroexportador) e que a sua industrialização só aconteceria de forma acelerada a partir da década de 1960. A falta da industrialização e consequentemente do surgimento de uma massa operária urbana (de sindicatos e de demandas políticas próprias do operariado) afastaria Gaitán de um governo como os de Perón na Argentina e os de Vargas no Brasil. Ochoa lembra também que o pequeno sindicalismo existente na Colômbia era subordinado à igreja (católica). Além disso, o autor destaca que Gaitán não tinha o apoio dos sindicatos do departamento de Antioquia, a região industrial mais forte do país.
Nesse sentido, Ochoa apresenta Gaitán como um ‘continuísta’ ligado e defensor das antigas políticas que existiam na Colômbia, apesar de possuir um discurso de ruptura. A forma como se apresentava à população, assim como os seus inflamados discursos diante da multidão, seriam na verdade uma teatralidade sem nenhum comprometimento de classe com aqueles para os quais se dirigia.

Referência Bibliográfica.
OCHOA. Congote Bernardo. Gaitán y el populismo: otros dos fantasmas colombianos? In: Universitas Humanística, n. 62, julio-diciembre de 2006, pp: 337-361. Bogotá. 

Vagner Viera, estudante de História - América Latina, Daniel Gordillo, estudante de Antropologia, Fabián Torres, estudante de História - América Latina, Ezequiel Nascimento, estudante de História - América Latina.

Postagens mais visitadas deste blog

A perspectiva na pintura renascentista.

Outra característica da pintura renascentista é o aprimoramento da perspectiva. Vejamos como a Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais se refere ao tema: “Técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da profundidade espacial. Os desenvolvimentos da ótica acompanham a Antigüidade e a Idade Média, ainda que eles não se apliquem, nesses contextos, à representação artística. É no   renascimento   que a pesquisa científica da visão dá lugar a uma ciência da representação, alterando de modo radical o desenho, a pintura e a arquitetura. As conquistas da geometria e da ótica ensinam a projetar objetos em profundidade pela convergência de linhas aparentemente paralelas em um único ponto de fuga. A perspectiva, matematicamente fundamentada, desenvolve-se na Itália dos séculos XV e

"Progresso Americano" (1872), de John Gast.

Progresso Americano (1872), de John Gast, é uma alegoria do “Destino Manifesto”. A obra representa bem o papel que parte da sociedade norte-americana acredita ter no mundo, o de levar a “democracia” e o “progresso” para outros povos, o que foi e ainda é usado para justificar interferências e invasões dos Estados Unidos em outros países. Na pintura, existe um contraste entre “luz” e “sombra”. A “luz” é representada por elementos como o telégrafo, a navegação, o trem, o comércio, a agricultura e a propriedade privada (como indica a pequena cerca em torno da plantação, no canto inferior direito). A “sombra”, por sua vez, é relacionada aos indígenas e animais selvagens. O quadro “se movimenta” da direita para a esquerda do observador, uma clara referência à “Marcha para o Oeste” que marcou os Estados Unidos no século XIX. Prof. Paulo Renato da Silva. Professores em greve!