Iniciamos hoje no blog uma série de postagens sobre museus históricos e artísticos. Nosso primeiro destino é o Museo de las Memorias, em Assunção, Paraguai.
A
ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989) no Paraguai foi uma das mais
longas da América Latina. Além disso, o Partido Colorado, ao qual pertencia
Stroessner, ainda domina a política paraguaia.
No
entanto, a história do país também é marcada pela atuação de nomes e grupos
ligados à democracia e aos direitos humanos. O Museo de las Memorias, em
Assunção, é um importante espaço dedicado a essa história.
O
museu é mantido pela Fundación Celestina Pérez de Almada, dirigida por Martín
Almada. Martín e Celestina eram casados e atuavam como educadores. As ideias
progressistas do casal incomodaram à ditadura Stroessner. Martín Almada ficou
preso de 1974 a 1977 e Celestina, torturada pela polícia stronista, sofreu um
infarto e morreu em 1974.
O
Museo de las Memorias funciona na antiga sede da Dirección Nacional de Asuntos
Técnicos, um dos principais centros de detenção e tortura da ditadura
Stroessner. O museu apresenta características semelhantes às de outros museus
latino-americanos dedicados ao tema. O visitante encontra uma história
detalhada do museu e do país, sobretudo do período referente à ditadura. Além
disso, se depara com instrumentos de tortura, réplicas das celas que ali
existiam e maquetes de outras prisões usadas pela ditadura.
Há
um espaço que merece particular atenção. O museu dedica um espaço a objetos que
estavam com opositores no momento de sua prisão ou da partida para o exílio. Uma
mala, uma boneca ou uma simples vasilha, comuns a todos nós, parecem nos
aproximar das experiências vividas pelas vítimas da ditadura. Parecem nos
lembrar que qualquer um de nós poderia ter sido vítima da ditadura e que
qualquer um de nós pode ser vítima dos autoritarismos que nos cercam.
Objetos que pertenciam a opositores da ditadura. Foto: Paulo Renato da Silva.
Reprodução de celas. Ao fundo, à esquerda, banheira
usada em sessões de tortura. Foto: Paulo Renato da Silva.
Prof.
Paulo Renato da Silva.