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Arte asiática em espaços culturais de Santiago de Chile

O 15º Congresso da Associação Latino-Americana de Estudos da Ásia e da África (ALADAA) foi realizado em Santiago do Chile, em janeiro de 2016. A escolha do Chile como sede do evento que celebrava os 40 anos de existência da Associação foi interessante. A sede regional chilena é composta por jovens pesquisadores, o que demonstra o vigor e a capacidade de renovação das redes de trabalho construídas ao longo destas quatro décadas.
Além disso, os territórios de nosso subcontinente banhados pelo Oceano Pacífico nos lembram de que as ligações entre Ásia e América Latina, mais especificamente, são antigas. Bens, pessoas e ideias asiáticas ou de origem asiática circularam pelas Américas durante os períodos coloniais e continuaram a fazê-lo nos novos Estados independentes.
Enquanto participava do Congresso da ALADAA, chamou minha atenção a presença e a circulação de elementos culturais asiáticos ou de origem asiática em espaços culturais de Santiago. Cito dois exemplos: a exposição “Samurái: Armaduras de Japón”, no Centro Cultural Palacio de La Moneda, e a peça de teatro A Tempestade, encenada no Teatro Municipal de Las Condes.

Samurái

O Centro Cultural Palacio de La Moneda foi inaugurado em 2006, como parte das celebrações do bicentenário da República do Chile. Durante minha visita ao Centro, paralelamente à exposição Samurái, de grande beleza e interesse para aficionados pela cultura japonesa e/ou para aqueles que se dedicam aos estudos asiáticos, houve uma mostra de cinema japonês e uma feira de cultura nipônica. Em anos anteriores, o espaço abrigou exposições sobre arte islâmica (2015), indiana (2012) e chinesa (2009). É interessante observar a colaboração entre o Centro Cultural e instituições estadunidenses da costa do Pacífico, que permite trazer ao subcontinente coleções de arte que normalmente circulariam somente pela América do Norte e Europa. Os catálogos das exposições estão disponíveis para leitura no website do Centro Cultural: http://www.ccplm.cl  É possível ver um apanhado das principais exposições no vídeo a seguir:

CCPLM - 10 años de grandes exposiciones

Janeiro é mês do teatro em Santiago. O festival Santiago a mil trouxe como um de seus destaques uma adaptação coreana da obra A Tempestade, de Shakespeare. O palco do Teatro Municipal de Las Condes recebeu a premiada companhia do diretor Oh Tae Suk, conhecido por valorizar e promover a inclusão de elementos culturais coreanos em suas montagens. Trechos da peça podem ser vistos no vídeo abaixo. Como espectadora, fiquei maravilhada com o refinamento da peça, expresso por meio do figurino, da música (cerca de cinco instrumentos musicais coreanos foram tocados ao vivo), da dança e de elementos da cultura e da religiosidade popular coreana. Não bastasse isso, a interação entre atores e público foi admirável. A distância linguística foi amenizada com algumas falas em espanhol, pelos próprios atores coreanos, num espetáculo falado inteiramente em coreano (e legendado em espanhol).

템페스트 (The tempest/A tempestade)

Fotos: Fundación Santiago a Mil (2016)

A Tempestade

Profa. Mirian Santos Ribeiro de Oliveira


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