Pular para o conteúdo principal

A preservação de arquivos digitais

Comentamos, no post “A formação e preservação de arquivos e a escrita da história”, projeto de lei no Brasil que prevê a destruição de documentos após sua digitalização. A proposta sugere noção de segurança a respeito dos arquivos digitais que, no entanto, ainda está longe de ser realidade. O registro em forma digital não possui, por ora, a garantia de longevidade que poderíamos esperar. Incêndios, roubos, deterioração, podem destruir papéis e documentos físicos; mas outros tipos de perigo cercam os documentos digitais, e sua preservação para o futuro permanece questão complexa para arquivistas e historiadores.
Os arquivos digitalizados e os arquivos já “nascidos” digitais, como e-mails, vêm colocando problemas a esses especialistas quanto à sua preservação desde os anos 1980 e 1990. A fragilidade desses registros se destaca: um livro antigo pode ter uma parte danificada (algumas páginas, por exemplo), enquanto arquivos digitais, em muitos casos, quando são danificados, se perdem por completo. Um problema a mais deve ser acrescentado: a questão da legibilidade do arquivo preservado. A constante atualização dos programas, dos software e hardware, faz com que arquivos preservados em mídias antigas se tornem ilegíveis depois de algum tempo. A tecnologia necessária para acessá-los deixa de existir. Atualmente, pensa-se (e pratica-se) inclusive uma nova forma de arqueologia, voltada para recuperar esses dados: a arqueologia digital.
Além disso, muitos arquivos digitais, como páginas da web, estão em linguagem de hipertexto, possuem camadas de informação (como os links, que conectam uma página a outra, a exemplo da interface do nosso blog). Imprimir páginas, ou preservá-las, envolve a dura tarefa de preservar também esses links. Isso sem mencionar as questões legais e éticas compreendidas na preservação de arquivos digitais, tais como o problema dos direitos autorais.
Este é apenas um pequeno apanhado dos problemas relacionados à preservação dos arquivos digitais ou digitalizados, que nos levam a olhar com muita cautela propostas de destruição de documentos físicos. Tratamos aqui somente de questões “técnicas” relativas à preservação, pois a destruição de arquivos envolve também graves questões éticas. Deixamos a seguir aos leitores o link para o documentário Into the Future (1998), de Terry Sanders, com legendas em português, que, ainda nos primórdios da internet, apontou grande parte dos problemas da preservação de documentação digital, muitos deles ainda inquietantes.


Prof. Pedro Afonso Cristovão dos Santos

Postagens mais visitadas deste blog

A perspectiva na pintura renascentista.

Outra característica da pintura renascentista é o aprimoramento da perspectiva. Vejamos como a Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais se refere ao tema: “Técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da profundidade espacial. Os desenvolvimentos da ótica acompanham a Antigüidade e a Idade Média, ainda que eles não se apliquem, nesses contextos, à representação artística. É no   renascimento   que a pesquisa científica da visão dá lugar a uma ciência da representação, alterando de modo radical o desenho, a pintura e a arquitetura. As conquistas da geometria e da ótica ensinam a projetar objetos em profundidade pela convergência de linhas aparentemente paralelas em um único ponto de fuga. A perspectiva, matematicamente fundamentada, desenvolve-se na Itália dos séculos XV e

"Progresso Americano" (1872), de John Gast.

Progresso Americano (1872), de John Gast, é uma alegoria do “Destino Manifesto”. A obra representa bem o papel que parte da sociedade norte-americana acredita ter no mundo, o de levar a “democracia” e o “progresso” para outros povos, o que foi e ainda é usado para justificar interferências e invasões dos Estados Unidos em outros países. Na pintura, existe um contraste entre “luz” e “sombra”. A “luz” é representada por elementos como o telégrafo, a navegação, o trem, o comércio, a agricultura e a propriedade privada (como indica a pequena cerca em torno da plantação, no canto inferior direito). A “sombra”, por sua vez, é relacionada aos indígenas e animais selvagens. O quadro “se movimenta” da direita para a esquerda do observador, uma clara referência à “Marcha para o Oeste” que marcou os Estados Unidos no século XIX. Prof. Paulo Renato da Silva. Professores em greve!