Sábado à noite teve mais uma sessão de cinema no Teatro Barracão. Desta vez pedalamos com As Bicicletas de Belleville, uma animação belgo-francesa de 2004. A narrativa gira em torno de uma avó, o seu neto e o cachorro Bruno, unidos pela paixão (ou seria obsessão?) pelo ciclismo. A história dá uma guinada quando bandidos sequestram o neto ciclista, que passa a ser usado em disputas envolvendo apostas. A animação passa a se concentrar na busca da avó e do cachorro pelos sequestradores.
As reações do público foram variadas, mas não excludentes. Para alguns, os treinos intensivos do ciclista pela avó seriam uma crítica à transformação do homem em uma espécie de máquina, que deveria ser infalível e se subordinar ao “sistema”, como demonstraria a falta de reação do ciclista diante dos sequestradores.
Outros, porém, consideram que a animação mostra como o “sistema” se apropria das aptidões de cada um, de nossa individualidade. Apesar da paixão da avó pela música, ela descobriu que a do seu neto era o ciclismo e o incentivou. No entanto, o sequestro indicaria como o “sistema” contém o desenvolvimento e o desfrute de nossas habilidades.
Outra leitura possível de As Bicicletas de Belleville que apareceu no debate é a de ser uma crítica particularmente francesa à “modernidade”. O ciclismo é um esporte popular na França, como demonstra o entusiasmo anual com o Tour de France, competição realizada desde o início do século XX. Assim, no filme, o esporte poderia ser visto como um símbolo da identidade nacional francesa, que resistiria ao avanço da “modernidade” representada pelo trem que passa incessantemente diante da casa da avó, do neto e do cachorro. Além disso, é insinuado que os sequestradores seriam norte-americanos, o que reforçaria a ideia de uma invasão da França por elementos alheios à sua identidade.
Fica o convite para a próxima sessão do Barracão em agosto! Venha se divertir, se manifestar e se enriquecer com as opiniões dos presentes! E de graça!
Prof. Paulo Renato da Silva.