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Fragmentos da ANPUH V: O Peronismo na Imprensa Brasileira durante o Segundo Governo Vargas.

Em 19 de julho, Rodolpho Gauthier Cardoso dos Santos (Doutorando em História/USP) apresentou a comunicação Um Fantasma Chamado Perón: Imprensa e Imaginário Político no Brasil (1951-1955).
O autor destacou a grande repercussão do governo Perón na imprensa brasileira, tanto nos meios varguistas (Mundo Ilustrado e Última Hora) como nos opositores (Cruzeiro e Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda, pivô da crise do governo Vargas em 1954).
Rodolpho se concentrou na repercussão nos meios antivarguistas. Inicialmente associavam Perón ao nazi-fascismo. Além disso, ligavam o presidente argentino a Juan Manuel de Rosas, governador da Província de Buenos Aires (1829-1832/1835-1852) considerado autoritário pela tradição liberal-democrática argentina. Eva Perón, por sua vez, era vista como assistencialista e a imprensa brasileira confirmou antes do que a argentina que a primeira-dama sofria de câncer. Em 1954, denunciaram uma suposta articulação de Vargas com Perón. Enfim, a repercussão de Perón na imprensa antivarguista permite apreender não apenas a visão que existia quanto ao governo vizinho, mas as tensões políticas do próprio Brasil naquele momento.
No debate, foi perguntado ao autor como a imprensa opositora se posicionava quanto às medidas sociais e trabalhistas de Vargas. Rodolpho explicou que os antivarguistas não apresentavam qualquer visão positiva sobre tais medidas e, deste modo, seriam mais conservadores do que os antiperonistas: na Argentina, apesar das críticas a Perón, a oposição incorporou as medidas sociais e trabalhistas em seu programa nas eleições de 1946 e os militares que derrubaram Perón inicialmente prometeram mantê-las.
Prof. Paulo Renato da Silva.

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