Tucídides e Heródoto foram contemporâneos. O primeiro era mais jovem do que o segundo e apresentou algumas diferenças em relação ao “pai da História”, como indica Antonio Mitre no trecho a seguir:
“Inicialmente, a memória articula-se positivamente à tradição oral, e o critério de veracidade não se distancia de seus domínios, como pode verificar-se em Heródoto. Com a invenção e difusão da escrita, a Terra inteira transforma-se em uma superfície onde se inscreve a lembrança, provocando, entre outras coisas, mudanças na hierarquia dos sentidos: a vista ganha status, associando-se à idéia de verdade, e o ouvido passa a filiar-se ao enganoso canto das sereias. Logo surgirá o interrogante sobre a eficácia da palavra alada para preservar a lembranças dos acontecimentos. Para Tucídides, a memória oral, transmitida de boca em boca, afasta-se do logos e, propensa ao relato deslumbrante mas caótico, distorce o passado, enquanto a “imutabilidade do escrito é uma garantia de fidelidade”. (MITRE, Antonio. História: memória e esquecimento. O Dilema do Centauro: ensaios de teoria da história e pensamento latino-americano. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. p. 23).
Para pensarmos: qual é a diferença entre Heródoto e Tucídides apontada na passagem acima?
Prof. Paulo Renato da Silva.