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O Tempo na Tradição Judaico-Cristã.

Na passagem a seguir, Le Goff destaca que uma das principais novidades introduzidas pela tradição judaico-cristã foi uma concepção linear de tempo, a qual, resumidamente, começaria em Adão e terminaria com o fim do mundo. No entanto, o autor ressalta como as antigas concepções cíclicas permanecem, o que poderia ser observado, por exemplo, nas inúmeras tentativas, durante a Idade Média, de se resgatar as origens supostamente puras da Igreja Católica:
“A tradição judaico-cristã apresenta também características originais. Podemos defini-las sumariamente pelos seguintes aspectos: a Idade do Ouro primitiva tem os traços peculiares do Paraíso. Se no cristianismo medieval há uma certa crença na sobrevivência de um paraíso terrestre, a escatologia cristã divide-se entre a espera – para os eleitos – de um paraíso celeste e, na terra, antes do fim do mundo, a espera de uma idade feliz ou Milênio (...). De um modo geral, sendo o tempo judaico-cristão linear, não há crenças num retorno à Idade de Ouro. Quando muito, pode-se supor que a idéia de reforma, presente de forma quase permanente no cristianismo medieval ocidental (...), apresentando-se muitas vezes sob o aspecto de um retorno à forma de Igreja primitiva (...), foi um pálido equivalente da aspiração a um retorno à Idade do Ouro.” (LE GOFF, Jacques. História e Memória. Campinas: Editora da UNICAMP, 2003. p. 302-307).
Prof. Paulo Renato da Silva.

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