“Uma lenda maia, transmitida de geração a geração desde séculos antes da
conquista espanhola, conta que os deuses, depois de criarem o mundo,
reuniram-se em assembléia para decidir qual material usariam para fazer as
pessoas. Como queriam que os homens e as mulheres fossem fortes e bonitos,
moldaram as primeiras pessoas em ouro. Os deuses ficaram contentes, porque o
ouro é brilhante e dura muito. Perceberam, então, que as pessoas de ouro não se
moviam. Muito pesadas, eram incapazes de caminhar e de trabalhar. Os deuses
voltaram a se reunir e resolveram fabricar outros seres humanos, desta vez de
madeira. A gente de madeira era mais ágil, trabalhava e caminhava muito, o que
deixou seus criadores muito satisfeitos. A alegria dos deuses terminou quando
souberam que os homens de ouro, mais fortes, estavam obrigando as pessoas de
madeira a trabalhar para eles e a carregá-los nas costas sempre que o
desejassem. Irritados ao ver que sua obra ia mal, os deuses discutiram entre si
o que fazer para remediar a situação. Criaram um terceiro tipo de gente, as
pessoas de milho, homens e mulheres de verdade que não se submetem a ninguém. Feito
isso, os deuses foram dormir, convencidos de que os problemas humanos teriam
solução. Desde aquele dia, acreditam os maias, a chegada dos homens de milho
tem sido esperada tanto pelas pessoas de ouro quanto pelas de madeira. Os
homens de ouro os esperam com medo. Os de madeira, com esperança.” (FUSER,
Igor. México em Transe. São Paulo:
Scritta, 1995. p. 105-106).
Professores em greve!