Pular para o conteúdo principal

Os homens - e as mulheres - de milho.

“Uma lenda maia, transmitida de geração a geração desde séculos antes da conquista espanhola, conta que os deuses, depois de criarem o mundo, reuniram-se em assembléia para decidir qual material usariam para fazer as pessoas. Como queriam que os homens e as mulheres fossem fortes e bonitos, moldaram as primeiras pessoas em ouro. Os deuses ficaram contentes, porque o ouro é brilhante e dura muito. Perceberam, então, que as pessoas de ouro não se moviam. Muito pesadas, eram incapazes de caminhar e de trabalhar. Os deuses voltaram a se reunir e resolveram fabricar outros seres humanos, desta vez de madeira. A gente de madeira era mais ágil, trabalhava e caminhava muito, o que deixou seus criadores muito satisfeitos. A alegria dos deuses terminou quando souberam que os homens de ouro, mais fortes, estavam obrigando as pessoas de madeira a trabalhar para eles e a carregá-los nas costas sempre que o desejassem. Irritados ao ver que sua obra ia mal, os deuses discutiram entre si o que fazer para remediar a situação. Criaram um terceiro tipo de gente, as pessoas de milho, homens e mulheres de verdade que não se submetem a ninguém. Feito isso, os deuses foram dormir, convencidos de que os problemas humanos teriam solução. Desde aquele dia, acreditam os maias, a chegada dos homens de milho tem sido esperada tanto pelas pessoas de ouro quanto pelas de madeira. Os homens de ouro os esperam com medo. Os de madeira, com esperança.” (FUSER, Igor. México em Transe. São Paulo: Scritta, 1995. p. 105-106).
Professores em greve!

Postagens mais visitadas deste blog

A "Primavera dos Povos" na Era do Capital: historiografia e imagens das revoluções de 1848

  Segundo a leitura de Eric J. Hobsbawm em A Era do Capital , a Primavera dos Povos foi uma série de eventos gerados por movimentos revolucionários (liberais; nacionalista e socialistas) que eclodiram quase que simultaneamente pela Europa no ano de 1848, possuindo em comum um estilo e sentimento marcados por uma atmosfera romântico-utópica influenciada pela Revolução Francesa (1789). No início de 1848 a ideia de que revolução social estava por acontecer era iminente entre uma parcela dos pensadores contemporâneos e pode-se dizer que a velocidade das trocas de informações impulsionou o processo revolucionário na Europa, pois nunca houvera antes uma revolução que tivesse se espalhado de modo tão rápido e amplo. Com a monarquia francesa derrubada pela insurreição e a república proclamada no dia 24 de fevereiro, a revolução europeia foi iniciada. Por volta de 2 de março, a revolução havia chegado ao sudoeste alemão; em 6 de março a Bavária, 11 de março Berlim, 13 de março Viena, ...

“Núcleo Integralista, Núcleo Proletário”: Os trabalhadores e os sindicatos no jornal integralista “A Offensiva”

       1.  INTRODUÇÃO      Em outubro de 1932, o político e escritor brasileiro Plínio Salgado (1895-1975) publicou o manifesto que seria a base doutrinária de um dos maiores movimentos político-sociais de extrema direita da América Latina, o Integralismo. Com fortes inspirações fascistas, o movimento logo alcançou um grande número de adeptos e militantes, e marcou os cenários político e social brasileiros da primeira metade do século XX.      Um dos principais meios de propaganda e comunicação da Ação Integralista Brasileira (AIB) foi a imprensa periódica, sobretudo através do jornal A Offensiva, publicado no Rio de Janeiro e distribuído nacionalmente entre 1934 e 1938 (Oliveira, 2009, p. 151).      Através deste texto, considerando A Offensiva como nossa fonte de pesquisa, buscamos analisar criticamente a seção sindical do jornal em três diferentes números publicados entre 03 e 05 de novembro de 1936. Tratam-...