Quero enfatizar o convite para a participação de todos no projeto CindeDebate, do professor Paulo Renato Silva.
Segue a interessante matéria da Gazeta do Iguaçu (24/10) sobre a inauguração do projeto.
Documentário ‘Os anos JK – uma trajetória política’ abre projeto CineDebate História
Na última quinta-feira, dia 18,
começou na UNILA Centro o projeto CineDebate História. Foi exibido o
documentário Os anos JK – uma trajetória política (1980), de Silvio
Tendler. Após o documentário, a professora aposentada Carmen Ficht de
Oliveira foi convidada para relatar algumas de suas memórias sobre Foz
do Iguaçu durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek
(1956-1961).
A Foz do Iguaçu naqueles anos era marcada por uma noção de tempo e de
espaço bem diferente da atual. A região da Vila Yolanda, hoje “central”,
era uma das extremidades da cidade. E, sem asfalto e com chuva, uma
simples ida à Santa Casa poderia levar horas, mesmo para os que moravam
na “zona urbana”. O cavalo ainda ditava o ritmo de Foz do Iguaçu. E,
claro, ninguém precisava de moedas para “estacioná-los” nas ruas
principais. Os carros, porém, começavam a estar mais presentes no
cenário da cidade – e do país – nos anos JK. A ida ao Paraguai e à
Argentina dependia das balsas, o que deixava os rios Paraná e Iguaçu
mais “próximos” da população, mais presentes no cotidiano da cidade.
Havia eventos curiosos como os simbólicos “enterros da luz”. Os
moradores iam da Catedral até o Batalhão do Exército, com velas nas
mãos, para protestar contra a escassez que existia no fornecimento de
energia elétrica.
A Foz do Iguaçu da época foi lembrada como uma cidade calma. Mas
ficou no ar uma pergunta a ser explorada nos próximos encontros do
projeto CineDebate História: era calma mesmo ou calma em relação a hoje?
Quais eram os problemas que preocupavam os iguaçuenses no período?
Apesar das diferenças, na época começaram a se consolidar algumas das
principais características da cidade atual. A construção da Ponte da
Amizade, durante o governo de Juscelino Kubitschek, atraiu centenas de
trabalhadores para Foz do Iguaçu, o que acentuou a sua diversidade
étnico-cultural. Após a inauguração, a ponte também aumentou o trânsito
de brasileiros e paraguaios pelos dois países.
Mas a ponte esvaziou as balsas e Foz do Iguaçu, antes voltada para os
rios, foi “virando as costas” para as águas do Paraná. A cidade
paraguaia de Presidente Franco, destino das balsas, começou a perder
importância na região e Ciudad del Este gradualmente passou a ser
“sinônimo” de Paraguai para muitos iguaçuenses e brasileiros. A Ponte da
Amizade fortaleceu as atividades comerciais em Foz do Iguaçu, o que
provocou mudanças na elite local. A elite dedicada à extração de madeira
e ao cultivo de erva-mate perdeu espaço. A construção e a instalação de
Itaipu acentuariam essas mudanças na elite da cidade.
Muitas memórias levaram à Itaipu, apesar de sua construção ter sido
iniciada quase quinze anos depois do governo JK. Por exemplo, o impacto
da Ponte da Amizade foi lembrado em comparação com o provocado por
Itaipu. Trata-se de um grande desafio para os historiadores, pois é
necessário buscar a particularidade dos processos históricos. Afinal,
quando a Ponte da Amizade começou a ser construída, não era possível
saber que uma obra “maior” marcaria a cidade.
A próxima sessão do CineDebate História será no dia 8 de novembro, às
19:00, na Sala de Cinema da UNILA Centro. Será exibido o documentário
Jango (1984), também de Silvio Tendler. Levem suas memórias, e ajude o
projeto a desvendar e conhecer ainda mais a história de Foz e região. (Da assessoria)
Prof. Rodrigo Bonciani
A Foz do Iguaçu naqueles anos era marcada por uma noção de tempo e de espaço bem diferente da atual. A região da Vila Yolanda, hoje “central”, era uma das extremidades da cidade. E, sem asfalto e com chuva, uma simples ida à Santa Casa poderia levar horas, mesmo para os que moravam na “zona urbana”. O cavalo ainda ditava o ritmo de Foz do Iguaçu. E, claro, ninguém precisava de moedas para “estacioná-los” nas ruas principais. Os carros, porém, começavam a estar mais presentes no cenário da cidade – e do país – nos anos JK. A ida ao Paraguai e à Argentina dependia das balsas, o que deixava os rios Paraná e Iguaçu mais “próximos” da população, mais presentes no cotidiano da cidade. Havia eventos curiosos como os simbólicos “enterros da luz”. Os moradores iam da Catedral até o Batalhão do Exército, com velas nas mãos, para protestar contra a escassez que existia no fornecimento de energia elétrica.