Pular para o conteúdo principal

Ainda sobre negros, pobres e “violentos”.

Na postagem anterior destacamos como os setores contrários à abolição dos escravos no Brasil difundiram a imagem dos negros – e dos pobres – como violentos.
Mas os abolicionistas também contribuíram para essa imagem. O movimento abolicionista era complexo, heterogêneo e fragmentado. A abolição nem sempre foi defendida por um princípio “humanitário”. Alguns abolicionistas eram contra a escravidão por ser um sistema que se baseava na mão-de-obra de uma “raça” que viam como “inferior” e “violenta”, e que atrapalharia o desenvolvimento do país. Dentre outros pontos, defendiam a abolição para que a mão-de-obra escrava fosse substituída por imigrantes europeus.
A imagem a seguir, retirada da Revista Illustrada, ligada ao abolicionismo, indica bem isso. Observem como a mulher e o bebê são associados a canivetes:

Revista Illustrada, Rio de Janeiro, n. 281, 1882, ano VII, p. 8.

Prof. Paulo Renato da Silva.

Postagens mais visitadas deste blog

"Progresso Americano" (1872), de John Gast.

Progresso Americano (1872), de John Gast, é uma alegoria do “Destino Manifesto”. A obra representa bem o papel que parte da sociedade norte-americana acredita ter no mundo, o de levar a “democracia” e o “progresso” para outros povos, o que foi e ainda é usado para justificar interferências e invasões dos Estados Unidos em outros países. Na pintura, existe um contraste entre “luz” e “sombra”. A “luz” é representada por elementos como o telégrafo, a navegação, o trem, o comércio, a agricultura e a propriedade privada (como indica a pequena cerca em torno da plantação, no canto inferior direito). A “sombra”, por sua vez, é relacionada aos indígenas e animais selvagens. O quadro “se movimenta” da direita para a esquerda do observador, uma clara referência à “Marcha para o Oeste” que marcou os Estados Unidos no século XIX. Prof. Paulo Renato da Silva. Professores em greve!

A perspectiva na pintura renascentista.

Outra característica da pintura renascentista é o aprimoramento da perspectiva. Vejamos como a Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais se refere ao tema: “Técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da profundidade espacial. Os desenvolvimentos da ótica acompanham a Antigüidade e a Idade Média, ainda que eles não se apliquem, nesses contextos, à representação artística. É no   renascimento   que a pesquisa científica da visão dá lugar a uma ciência da representação, alterando de modo radical o desenho, a pintura e a arquitetura. As conquistas da geometria e da ótica ensinam a projetar objetos em profundidade pela convergência de linhas aparentemente paralelas em um único ponto de fuga. A perspectiva, matematicamente fundamentada, desenvolve-se na Itália dos sécu...