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As classes n’O Manifesto Comunista: condição social, gênero e geração.

O marxismo não se resume a O Manifesto Comunista, mas, provavelmente, é o livro mais conhecido e difundido do marxismo. Foi escrito por Marx e Engels (não nos esquecemos de Engels!) para ser divulgado, daí sua linguagem mais “simples” quando comparada à de outros livros do marxismo “clássico”. Assim, o conceito de classe presente no livro marcou fortemente – e de certa forma ainda marca – o discurso acadêmico e principalmente o político. Resumidamente, a condição de classe é definida pela posição que o sujeito ocupa no processo produtivo, como detentor dos meios de produção (burguesia) ou como não detentor (proletariado). A posição que o sujeito ocupa no processo produtivo seria mais importante do que outras condições:
“Quanto menos habilidade e força física venha requerer o trabalho manual, isto é, quanto mais se desenvolve a indústria, tanto mais o trabalho dos homens é substituído pelo das mulheres. Diferenças de idade e de sexo não têm mais validade distintiva social para a classe trabalhadora [grifo meu]. São todos instrumentos de trabalho, mais ou menos caros, para serem usados, de acordo com sua idade e sexo.” (MARX; ENGELS, 1998: 20).
Marx e Engels (e Engels!) eram homens do século XIX e presenciaram a eclosão da Revolução Industrial. Daí a ênfase na posição que o sujeito ocupa no processo produtivo.
Hoje, porém, passamos a destacar outros elementos que interferem na formação da classe operária, como questões de gênero e diferenças geracionais. Essa é uma das principais contribuições da História Cultural.
Mas inclusive marxistas começaram a destacar esses novos elementos, “atualizando” Marx e Engels para os séculos XX e XXI, pois vale lembrar que o marxismo é bastante heterogêneo.
Referências bibliográficas:
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O Manifesto Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
Prof. Paulo Renato da Silva.

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