A Revolução cubana
iniciada em 1959 trouxe consigo um legado de desenvolvimento e políticas
sociais, entre elas o combate ao analfabetismo, a nacionalização de empresas e
a reforma agrária. Essas políticas foram implementadas com base nas
necessidades da população, a fim de promover o desenvolvimento da ilha e
“desfazer-se” da exploração e dominação norte americana.
Inicialmente a Revolução
não apresentava um alinhamento com um modelo de política socialista. Os líderes
Fidel Castro e Che Guevara, a princípio, não se identificavam com os interesses
do Partido Socialista Cubano. Porém, os acordos firmados entre Cuba e URSS, devido
ao bloqueio econômico norte americano no início dos anos 1960, levaram Cuba a
um maior enquadramento nas diretrizes soviéticas e os membros do PSC passam a
ter maior espaço na condução do governo, tanto nas questões políticas como nas
culturais.
No campo cultural, o
governo propunha que os intelectuais fossem engajados na causa revolucionária,
comprometendo-se com os ideais da Revolução, de modo que a produção cultural privilegiasse
o processo revolucionário. Porém, nem toda a classe intelectual era favorável
aos rumos que a Revolução estava tomando. Algumas publicações, apesar de
apoiarem a causa revolucionária, não concordavam com as interferências do
governo, que tentava criar a “verdadeira cultura cubana” a partir realismo
socialista. O realismo socialista foi um modelo estético artístico que vigorou
na URSS de 1930 a 1960, o qual impunha um modelo estético que retratasse a vida
das classes médias e baixas, não dando espaço para outras manifestações
artísticas que não fossem alinhadas com essa estética.
Alguns intelectuais,
apesar de apoiarem a Revolução, defendiam que a arte e o pensamento revolucionários
deveriam ir além do realismo socialista e também dialogar com a cultura
universal e suas vanguardas. Já o governo alegava que as vanguardas eram
estrangeirismos que não representavam a classe trabalhadora, sendo uma arte
voltada para a burguesia.
Esse impasse foi
“resolvido” em junho de 1961, quando Fidel Castro definiu os direitos e os
deveres dos intelectuais cubanos, salientando que as criações deveriam ser
subordinadas à Revolução e ao “povo”, valorizando a cultura nacional e não
havendo espaço para expressões de vanguarda e arte abstrata.
Bibliografia
consultada:
MISKULIN, Silvia Cezar. Cultura Ilhada: imprensa e Revolução Cubana
(1959-1961). São Paulo: Xamã, 2003.
Ellen Vieira dos Santos –
estudante do curso de História – América Latina da UNILA.