O processo revolucionário boliviano,
que almejou grandiosas mudanças, em diferentes segmentos do país, foi um reflexo
de muitos acontecimentos conturbados, que levaram à Revolução Boliviana de
abril de 1952. Acontecimento que esteve diretamente ligado aos camponeses explorados
em latifúndios e aos mineiros que exigiam melhores condições de trabalho, além
de grandiosos grupos políticos que impulsionaram levantes e mobilizações em
prol da revolução.
O Movimento Nacional Revolucionário,
MNR, fundado em 1941, pode ser considerado o mais importante partido político
boliviano anterior à revolução de 1952. Surgiu impulsionado por ideologias que
propunham um reformismo nacionalista e liberal. Defendiam o anti-imperialismo,
a abolição da estrutura semifeudal no campo e a reforma agrária. Fundado por um
grupo de professores universitários, jornalistas, advogados, veteranos da
Guerra do Chaco e intelectuais, o MNR ganhou aos poucos apoio popular por parte
principalmente dos mineiros.
O Movimento Nacional Revolucionário
conseguiu impulsionou uma união entre camponeses e mineiros através do apelo a
um nacionalismo identitário, representado por medidas como a reforma agrária, o
voto universal, a estatização das minas e reformas no modelo educacional
boliviano.
O MNR conquistou o direito de subir
ao poder em 1951, após vencer as eleições. Porém, a oligarquia militar
detentora do poder político boliviano tentou impedir a posse do presidente
eleito, Victor Paz Estenssoro. Desta forma, em 9 de abril de 1952, o MNR
articula as massas que estavam ao seu favor e através de insurreições armadas
de cunho revolucionário ascende ao poder, garantindo a posse de Estenssoro.
A articulação de alianças políticas e
sindicais e a união com movimentos campesinos e proletários em prol de um novo
modelo político revolucionário foram uma das marcas do MNR. Conseguiram após o
processo revolucionário reformar uma estrutura política até então desgastada,
constituir o voto universal e políticas de estatização das minas e de reforma
agrária, além da implementação de um novo modelo educacional para o país.
O reformismo aplicado por este
partido e principalmente por Paz Estenssoro conseguiu por muito tempo equilibrar
conflitos e favorecer a economia boliviana, apesar de contar com fortes críticas
da esquerda, o que desenvolveremos na próxima postagem, na quarta-feira. De
qualquer forma, Paz Estenssoro desenvolveu um grande projeto político, unido a
um forte apelo mobilizacional, o que contribuiu para que o Movimento Nacional Revolucionário
fosse uma marca do grandioso processo revolucionário boliviano de 1952.
Cleber
Rocha de Oliveira – estudante do Curso de História – América Latina, da UNILA.