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CONTRA A MARÉ DO ESQUECIMENTO: PIRATARIA E A INVISIBILIZAÇÃO AFRICANA NA INGLATERRA MODERNA

  Xil ogravura retratando o pirata Henry Avery e o seu criado, publicada em A general history of the robberies and murders of the most notorious pyrates , Charles Johnson (1724) A crença de que os antigos africanos não possuíam capacidade para realizar travessias marítimas não apenas revela preconceito, mas também um profundo desconhecimento histórico. Por volta de 2600 a.e.c., os egípcios já construíam embarcações de grande porte e dominavam a construção naval, o comércio e a guerra marítima. A crescente demanda por estanho, indispensável para a produção de armas e utensílios de bronze, levou faraós como Sesóstris I e Tutmés III a organizarem expedições marítimas às regiões setentrionais da Europa. Suas embarcações, feitas de papiro ou madeira costurada, possuíam estrutura flexível, capaz de resistir a tempestades, o que as tornava aptas para enfrentar o mar aberto. O uso combinado de remo e vela permitia a navegação mesmo na ausência de vento, evitando que ficassem à deriva. Va...
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Materiais didáticos no Blog de História da UNILA

 O Blog de História da UNILA vem fortalecendo a circulação de materiais didáticos produzidos por estudantes, docentes e coletivos da região trinacional. Nesta edição, apresentamos duas cartilhas recentes que dialogam com integração latino-americana, direitos sociais e valorização de saberes locais, abordando temas como a segurança alimentar estudantil e outra às ruralidades, movimentos sociais e tradições na Tríplice Fronteira. Além de divulgá-las, queremos abrir espaço permanente para reunir e compartilhar produções pedagógicas que, muitas vezes, ficam restritas às salas de aula ou aos projetos de extensão. Nessa primeira publicação, temos dois materiais: Propostas para a Segurança Alimentar Estudantil na América Latina — Projeto “Mostra de Culturas Alimentares para a Segurança Alimentar e o Bem-estar Estudantil” (em versão PT e ES) Material elaborado por: Joselaine Raquel da Silva Pereira; Jaime Alexander Alarcón Cespedes Segurança alimentar; permanência estudantil; papel dos r...

“Núcleo Integralista, Núcleo Proletário”: Os trabalhadores e os sindicatos no jornal integralista “A Offensiva”

       1.  INTRODUÇÃO      Em outubro de 1932, o político e escritor brasileiro Plínio Salgado (1895-1975) publicou o manifesto que seria a base doutrinária de um dos maiores movimentos político-sociais de extrema direita da América Latina, o Integralismo. Com fortes inspirações fascistas, o movimento logo alcançou um grande número de adeptos e militantes, e marcou os cenários político e social brasileiros da primeira metade do século XX.      Um dos principais meios de propaganda e comunicação da Ação Integralista Brasileira (AIB) foi a imprensa periódica, sobretudo através do jornal A Offensiva, publicado no Rio de Janeiro e distribuído nacionalmente entre 1934 e 1938 (Oliveira, 2009, p. 151).      Através deste texto, considerando A Offensiva como nossa fonte de pesquisa, buscamos analisar criticamente a seção sindical do jornal em três diferentes números publicados entre 03 e 05 de novembro de 1936. Tratam-...

MUNDOS INVERTIDOS: CARTOGRAFIA, PODER E O PORTAL DE CARTOGRAFIA DA AMÉRICA MERIDIONAL

        E m maio de 2025, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou uma nova versão do Mapa-múndi com uma proposta ousada: colocar o Brasil no centro e o Sul no topo. O gesto provocou debates, estranhamento e até memes nas redes sociais. Mas, acima de tudo, fez o que todo bom mapa pode fazer: nos obrigou a olhar o mundo de outra forma. Figura 1 - Mapa-múndi “invertido” do IBGE, com Brasil no centro e Sul no topo. Fonte: IBGE (2025), disponível em Agência Gov. A imagem desse mapa “invertido” com a América do Sul “de cabeça para cima” rompe com o padrão tradicional em que o Norte ocupa o topo e a Europa o centro. Mais do que um jogo visual, trata-se de uma intervenção simbólica e política. Como afirmou o presidente do IBGE, essa representação desafia a visão eurocêntrica herdada da cartografia moderna e afirma o protagonismo do Sul Global na reconfiguração da ordem mundial (Agência Gov, 2025). Essa inversão nos lembra de um ponto crucial:...

Exposición fotográfica: “La frontera que atravieso, me atraviesa”.

 El Puente de la Amistad se alza como una vena de cemento y hierro sobre el Paraná, donde en vez de sangre, fluyen cuerpos cargados de historias. Esta exposición invita a mirar el puente y el espacio fronterizo como un archivo vivo, donde cada paso apresurado y cada bolsa cargada, se convierten en un testimonio de resistencia frente al "progreso" que amenaza con borrar identidades y memorias. Aquí, cada cruce es un acto estético y político, una forma de disputar la dignidad en un territorio marcado por la criminalización y la precariedad. En estos tránsitos, la Triple Frontera revela su verdad como un espacio lleno de subjetividades y una historia llena de disputas simbólicas por la dignidad de vivir, transformando lo cotidiano en un gesto de afirmación y lucha.  Imagen I  TORRES, Frida. Puente de historias . [fotografía]. Foz do Iguaçu: Acervo personal de la autora, 2025. El Puente de la Amistad no solo conecta dos países, sino también las memorias de quienes transitan...

La Olla Comunitaria: Un Símbolo de Cuidado Común y Resistencia Socioterritorial en América Latina

       La olla comunitaria es mucho más que un simple recurso para mitigar el hambre; es un símbolo potente de unidad, resistencia y cuidado colectivo en América Latina. En su esencia, esta práctica ancestral se enraíza en la solidaridad y la reciprocidad, proporcionando no sólo sustento físico, sino también un espacio para la articulación y la movilización social frente a diversas formas de opresión. La olla comunitaria es un espacio de encuentro, de diálogo y de acción, donde las dinámicas sociales, políticas y económicas de un territorio se ponen sobre la mesa junto a los alimentos.      En contextos de huelgas obreras, movilizaciones campesinas, o en tiempos de crisis como la pandemia, la olla comunitaria se levanta como una herramienta esencial de resistencia socioterritorial. Más allá de la provisión de alimentos, representa un acto de autonomía y rebeldía contra el individualismo y el capitalismo deshumanizante. Como afirma la plataforma El Come...

FÉ, RUPTURA E CONFLITO: A FORMAÇÃO DA REFORMA PROTESTANTE E OS CONFLITOS QUE DELA ECLODIRAM

  LUTERO E A ORIGEM DA REFORMA Reforma Protestante Fonte:  https://ibadep.com/noticia/ brasil/31-de-outubro-dia-da- reforma-protestante A Reforma Protestante foi um importante divisor de águas para o mundo ocidental. Ela impulsionou diversas transformações religiosas, sociais e políticas que foram capazes de moldar a modernidade. Conforme afirma Pierre Chaunu nas primeiras linhas do capítulo “Teoria geral da Reforma Protestante”, a Reforma caminhou para uma ruptura dos ideais medievais e estava intimamente ligada com dois fatores: o Humanismo e a Soteriologia luterana (doutrina da salvação). No que tange o humanismo, era uma nova forma de enxergar o homem, as escrituras: “ O racionalismo humanista pretendeu purificar a linguagem pela qual é transmitida a “palavra eterna” e desembaraçar a Escritura de suas imperfeições, apresentando-as sob uma nova luz. Fazendo isso ele contribuiu para a aceitação da Reforma, pondo em dúvida a autoridade da Igreja Católica (Delumeau, 1989, p. ...