Na passagem a seguir, Le Goff destaca que uma das principais novidades introduzidas pela tradição judaico-cristã foi uma concepção linear de tempo, a qual, resumidamente, começaria em Adão e terminaria com o fim do mundo. No entanto, o autor ressalta como as antigas concepções cíclicas permanecem, o que poderia ser observado, por exemplo, nas inúmeras tentativas, durante a Idade Média, de se resgatar as origens supostamente puras da Igreja Católica: “A tradição judaico-cristã apresenta também características originais. Podemos defini-las sumariamente pelos seguintes aspectos: a Idade do Ouro primitiva tem os traços peculiares do Paraíso. Se no cristianismo medieval há uma certa crença na sobrevivência de um paraíso terrestre, a escatologia cristã divide-se entre a espera – para os eleitos – de um paraíso celeste e, na terra, antes do fim do mundo, a espera de uma idade feliz ou Milênio (...). De um modo geral, sendo o tempo judaico-cristão linear, não há crenças num retorno à Idade de ...