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Mostrando postagens de setembro, 2013

Procurando uma fonte para pesquisar? Revista “Mundo Peronista” completa na internet!

A revista Mundo Peronista foi publicada pela extinta Editorial Haynes entre 1951 e 1955. A revista apoiava o presidente argentino Juan Domingo Perón (1946-1955) e foi um dos principais instrumentos de propaganda do seu governo e de “doutrinamento” dos setores populares. Todos os números podem ser baixados da internet a partir do link < http://gestar.org.ar/biblioteca-digital >. Prof. Paulo Renato da Silva.

Foz do Iguaçu: os monumentos que temos...e os que nos faltam?

O portal H2Foz publicou ontem uma reportagem interessante sobre monumentos e estátuas de Foz do Iguaçu ( http://www.h2foz.com.br/noticia/monumentos-fazem-parte-da-paisagem-de-foz ). Um dos monumentos mais interessantes e representativos é o Memorial em Homenagem aos Mortos pelas Ditaduras na América Latina, justamente ao lado da Avenida Costa e Silva, que leva o nome de um dos presidentes militares do Brasil. Esse é um exemplo de memórias diferentes disputando o reconhecimento da opinião pública. Às vésperas do Centenário, a ser comemorado no ano que vem, a leitura da reportagem nos leva a pensar, também, nos monumentos que nos faltam. Para você, que monumentos faltam em nossa cidade? Luís Carlos Prestes continua à espera de um monumento na cidade por onde passou com suas tropas em meados da década de 1920. Mas claro que já temos um busto de Getúlio Vargas em um lugar central da cidade. Como mostra a reportagem do H2Foz, a cidade – felizmente – homenageia os mitos indígenas sob

Como não se faz História: Narloch "analisa" Allende.

O jornalista Leandro Narloch ficou conhecido recentemente pelos livros Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil e Guia Politicamente Incorreto da América Latina . Ambos os livros são sucessos editoriais. Como historiadores, devemos reconhecer que os jornalistas, geralmente, apresentam uma linguagem mais sedutora e, de alguma forma, temos que aprender com eles para aumentarmos o nosso público leitor. Porém, os livros de Narloch não apresentam rigor de pesquisa e na análise da historiografia. Além disso, politicamente, poderiam ser definidos como de centro-direita. O problema não é ser de centro-direita, afinal, este é um país democrático: o problema é o excesso de senso-comum que marca os livros do jornalista. Na sexta-feira, em artigo publicado na Folha de São Paulo ( http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2013/09/1344614-leandro-narloch-e-se-allende-fosse-vitorioso-em-1973.shtml ), o jornalista deturpa e ironiza a história chilena, particularmente o governo Allende. Narlo

"A 33 años del mayor atentado en Paraguay."

Reportagem do Jornal do Brasil sobre o atentado (Disponível em: < http://www.jblog.com.br/hojenahistoria.php?itemid=15638 >. Acesso em: 21 set. 2013). Nesta semana fez 33 anos que o ditador nicaraguense Anastasio Somoza foi morto em Assunção pelo grupo argentino ERP (Ejército Revolucionario del Pueblo). Leia reportagem do jornal paraguaio  ABC Color sobre o episódio   em: < http://www.abc.com.py/especiales/fin-de-semana/a-33-anos-del-mayor-atentado-en-paraguay-619610.html >. Prof. Paulo Renato da Silva.

Zamba em Yapeyú, terra de San Martín.

Hoje nos despedimos de Zamba com sua ida à Yapeyú, terra natal do libertador San Martín, localizada na Província de Corrientes. Prof. Paulo Renato da Silva.

Explicar a(s) ditadura(s) para as crianças.

Durante uma excursão pela Casa Rosada, Zamba conversa com o busto da República e mergulha nas profundezas da(s) ditadura(s) argentina(s). Prof. Paulo Renato da Silva.

Zamba: crianças, história e memória na Argentina.

Devido ao recesso, faremos uma pausa na série sobre teoria e metodologia da História. Nesta semana apresentamos Zamba, personagem animado argentino que percorre episódios da história do país. Zamba é representativo da relação dos argentinos com sua história. A História ocupa um lugar expressivo na educação dos argentinos quando comparamos, por exemplo, com o Brasil. Esse lugar expressivo faz com que haja uma apropriação intensa da história nacional por diferentes movimentos político-sociais. Os personagens históricos são constantemente citados nos debates políticos do país. Mas é necessário apontar que, muitas vezes, essa relação é marcada pela idealização de personagens e processos históricos. O desenho de Zamba é transmitido pelo canal infantil público Pakapaka, do Ministério da Educação da Argentina. Hoje apresentamos a incursão de Zamba na Guerra das Malvinas (1982). Prof. Paulo Renato da Silva.

O recorte temporal.

O recorte temporal é fundamental para a pesquisa em História. Afinal, segundo a definição clássica de Mar Bloch, a História é a ciência “dos homens, no tempo ” [grifo meu]. (BLOCH, 2001, p. 55). Não é fácil delimitar o recorte temporal. A delimitação exige muito conhecimento sobre o tema a ser pesquisado, pois apenas assim detectamos questões e períodos menos estudados e onde residem as principais dúvidas e “contradições” da historiografia. A disponibilidade de fontes também é um elemento que incide sobre a delimitação do recorte. Temas e períodos marcados por menor disponibilidade de fontes geralmente resultam em recortes temporais mais amplos para que seja possível apreender as rupturas e permanências que nós historiadores sempre buscamos. Raramente encontramos, por exemplo, um estudo sobre a “Antiguidade” ou sobre a “Idade Média” restrito a dois ou três anos. Ou seja, a delimitação do recorte temporal depende da formulação de um problema a ser investigado e da existência de condi

Allende e o golpe de 1973 no Chile, 40 anos depois.

Hoje faz 40 anos que o governo constitucional de Salvador Allende foi derrubado no Chile pelo golpe de Estado liderado pelo general Augusto Pinochet. Um dos principais documentários sobre o tema, "A Batalha do Chile", de Patricio Guzman, está disponível no Youtube: Parte 1. Parte 2. Na sexta continuamos com a nossa série sobre teoria e metodologia da História. Prof. Paulo Renato da Silva.  

Sobre “escolas” e nossas escolhas teórico-metodológicas.

Para os que trabalham e não puderam comparecer à fala do prof. Doratioto na UNILA, sintetizo a seguir, com palavras próprias, um dos pontos que foram abordados. Trata-se de uma questão introdutória, mas essencial para qualquer pesquisa: os referenciais teórico-metodológicos são ferramentas para auxiliar os historiadores e não “camisas-de-força”. Os referenciais devem nos ajudar a formular boas perguntas para as fontes. Os referenciais devem nos ajudar a perceber as lacunas e contradições das fontes. Devem nos ajudar, inclusive, a desmentir as nossas hipóteses iniciais, caso as fontes nos mostrem que estamos enganados. Mas, quando seguimos os referenciais teórico-metodológicos de modo muito rígido, corremos o risco de ler as fontes de forma pré-concebida e perder a complexidade das experiências vividas que pesquisamos. Devemos considerar, sempre, os ensinamentos teórico-metodológicos deixados pelos historiadores que nos precederam, mas nunca podemos nos esquecer das particularidades

"Pós-modernismo", relativismo e Holocausto.

Uma das principais críticas feitas ao “pós-modernismo” se refere ao risco de cairmos em uma História totalmente relativista. Se a História e as fontes são fundamentalmente discursos, desvinculados das experiências vividas que dizem retratar, deveríamos então aceitar tudo, todos os pontos de vista, todas as versões do passado? Dependendo do tema, o debate se torna bastante intenso. Por exemplo, seriam “apenas discursos” os números tatuados que vemos nos sobreviventes do Holocausto ou o que restou dos campos de concentração? Trata-se de uma situação muito controversa, paradoxal: por um lado, o “pós-modernismo”, ao considerar a multiplicidade dos discursos, seria um aliado da tolerância; mas, por outro, ajudaria a legitimar versões do passado marcadas, inclusive, pela intolerância. Para quem quiser se aprofundar mais no debate sobre o Holocausto, uma das críticas mais contundentes ao "pós-modernismo" foi feita por Carlo Ginzburg em Unus testis – O Extermínio dos Judeus e o

"O Texto Histórico como Artefato Literário", de Hayden White.

Outro historiador ligado ao “pós-modernismo” é Hayden White. Resumidamente, para White, o trabalho do historiador se aproxima ao do escritor, a História seria um discurso semelhante à Literatura. Além das lacunas e das contradições levantadas em uma pesquisa, para White pode variar bastante a forma de se narrar o passado, ou seja, o “gênero”, o “estilo” textual a ser escolhido pelo historiador. Em O Texto Histórico como Artefato Literário , Hayden White destaca o seguinte: “O que Collingwood não logrou perceber é que nenhum conjunto dado de acontecimentos históricos casualmente registrados pode por si só constituir uma estória; o máximo que pode oferecer ao historiador são os elementos de estória. Os acontecimentos são convertidos em estória pela supressão ou subordinação de alguns deles e pelo realce de outros, por caracterização, repetição do motivo, variação do tom e do ponto de vista, estratégias descritivas alternativas e assim por diante – em suma, por todas as técnicas que no

"Pós-modernismo" e História.

Na postagem do dia 31/08, escrevemos que, para Geoges Duby, o passado seria uma construção, mas não uma invenção. Outros historiadores, porém, enfatizam a História enquanto discurso, desvinculado – totalmente? – das experiências vividas. Essa visão está particularmente presente entre os “pós-modernistas”. Resumidamente, para os pós-modernistas, o trabalho do historiador não estaria focado no passado propriamente dito, mas nos processos que produziram os discursos sobre o passado. Vejamos o que nos diz Keith Jenkins sobre isso: “No nível da teoria, gostaria de apresentar dois argumentos. O primeiro (que esboço neste parágrafo e desenvolvo em seguida) é que a história constitui um dentre uma série de discursos a respeito do mundo. Embora esses discursos não criem o mundo (aquela coisa física na qual aparentemente vivemos), eles se apropriam do mundo e lhe dão todos os significados que têm. O pedacinho de mundo que é o objeto (pretendido) de investigação da história é o passado. A h