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Mostrando postagens de agosto, 2021

Registrando a história para louvar ou condenar: a concepção confuciana de história em A historiadora (2019)

Exibida pelo serviço de streaming Netflix, a série “A historiadora” (2019) é uma produção sul-coreana estrelando Shin Se-kyung. Sua trama remete aos “K-drama”, séries de diferentes gêneros produzidas na Coreia que têm se tornado cada vez mais populares globalmente. O enredo se passa na primeira metade do século XIX, durante a dinastia Joseon (1392-1897), e envolve quatro jovens que se tornam as primeiras mulheres a serem aprovadas no exame para historiadoras da corte, no rigoroso processo de seleção do serviço civil coreano. A série intercala diferentes enredos à história principal, que envolve a aproximação entre a “historiadora” que inspira o título, a personagem Goo Hae-ryung (Shin Se-kyung), e Yi Rim, o príncipe Dowon (interpretado por Cha Eun-woo). A série retrata como seria a rotina dos historiadores na corte coreana, bem como as funções atribuídas à história naquele período. Os historiadores acompanham tudo o que se passa na corte, e assistem a todas as sessões oficiais e reu

Sandra Jatahy Pesavento e a História Cultural: a entrada em cena de um novo olhar

  Semana passada, abordamos no blog leituras sobre a música enquanto fonte e objeto de estudo dos historiadores a partir do olhar da História Cultural, por meio das reflexões de José Geraldo Vinci de Moraes e Sandra Pesavento. Na postagem de hoje, nos deteremos um pouco mais na obra de Sandra Jatahy Pesavento (1946 - 2009), aprofundando sua visão sobre História Cultural. Sandra Pesavento possuía graduação em História pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1969), mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1978) e doutorado em História Econômica pela Universidade de São Paulo (1987). Além disso, a autora realizou três pós-doutoramentos em Paris. Atuava nas áreas de História, com ênfase em História do Brasil, trabalhando com temas em história cultural, história cultural urbana , imaginário e representações , história e literatura , e patrimônio e memória .   Capa de História & História Cultural , de Sandra Jatahy Pesavento. Imagem

A História Cultural e a Música Popular como fonte historiográfica: Discussões teóricas e metodológicas

Pretendemos nesta postagem levantar algumas questões teóricas e metodológicas que estão relacionadas com história, a música e a canção popular, a partir do texto “ História e música: canção popular e conhecimento histórico ” (2000) de José Geraldo Vinci de Moraes. Busco refletir também sobre as mudanças epistemológicas apontadas por Sandra Jatahy Pesavento, no texto “ A Entrada em Cena de um Novo Olhar ” (2003). Além disso, a partir de uma perspectiva interdisciplinar, perceber como as relações entre história, cultura e música popular podem desvendar processos pouco conhecidos e raramente levantados pela historiografia. Discussões teóricas José Geraldo Vinci de Moraes (2000) aponta para a possibilidade e a viabilidade do historiador tratar a música e a canção popular como uma fonte documental importante para mapear e desvendar zonas obscuras da história, sobretudo aquelas relacionadas com os setores subalternos e populares. O problema encontrado pelos historiadores para delimitar o que

Precisamos de uma "slow history"? História, acelerações e desacelerações

  Nos primeiros dias de 2021, a Associação Americana (isto é, estado-unidense) de História ( American Historical Association , AHA) realizou de forma online sua palestra anual, a “Presidential Adress”. A palestra, que está disponível no canal do YouTube da AHA , foi ministrada pela historiadora Mary Lindemann, professora da Universidade de Miami, especialista em história da primeira modernidade na Europa e história da medicina, e teve seu texto disponibilizado online . A profa. Lindemann pergunta-se, na reflexão, sobre as razões da historiografia ter permanecido à margem dos chamados “ slow movements ”, movimentos em diversas áreas em defesa de uma desaceleração do tempo do capitalismo. Lindemann questiona se a pesquisa e escrita da história não seriam atividades “lentas” por natureza, imunes à aceleração do tempo na fase atual do capitalismo. Desse modo, seria a razão de não haver um movimento de “ slow history ” ("história lenta") o fato de se tratar de uma redundância?