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Mostrando postagens de abril, 2016

A ditadura chilena pelas lentes do cinema

O vencedor do Oscar de melhor curta-metragem de animação de 2016 foi a produção chilena História de um urso . Dirigido por Gabriel Osorio, o curta baseia-se, segundo o diretor, na história de vida de seu avô, Leopoldo Osorio, preso e exilado durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Ao receber o prêmio, o cineasta dedicou a estatueta a seu avô e a todos os que, como ele, sofreram no exílio. História de um urso retrata o percurso de um urso que é preso por agentes fardados, afastado de sua família e forçado a trabalhar num circo. O filme traduz nesta fábula a trajetória de muitos chilenos perseguidos durante o governo Pinochet. A história é contada por meio de um pequeno teatro de bonecos movido a engrenagens, que é apresentado na rua por um artista ambulante. No curta, um garoto pede a seu pai dinheiro para assistir ao teatrinho mecânico. Desse modo, o filme mostra ainda a transmissão da memória do que ocorreu naquele sombrio período da história chilena às novas gerações

Entrevista com Esteban Campos: “Cristianismo e Revolução” na Argentina

Iniciamos hoje no blog uma série de posts relacionados à temática das ditaduras na América Latina. Na abertura, publicaremos a entrevista do Prof. Paulo Renato da Silva com o prof. Esteban Campos. O historiador argentino Esteban Campos foi professor da UNILA entre 2014 e 2015 e acaba de lançar na Argentina o livro Cristianismo y Revolución: el origen de los montoneros . Na entrevista a seguir, Esteban Campos nos conta um pouco sobre o livro, fala sobre o atual momento político vivido pela Argentina e tece comparações com o Brasil. Paulo Renato da Silva – Esteban, primeiramente muito obrigado por aceitar a entrevista. Você acaba de lançar Cristianismo y Revolución: el origen de los montoneros . Conte-nos um pouco sobre a história do livro e o que ele trata. Esteban Campos – Bueno, el libro es una versión abreviada pero casi completa de mi tesis doctoral sobre la revista Cristianismo y Revolución, que defendí en la Universidad de Buenos Aires a fines del año 2011. Fue una r

A Alemanha Oriental no Cinema

No post de hoje, indicaremos dois filmes sobre a história da Alemanha Oriental. O primeiro deles se chama “A vida dos outros”, de 2006. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2007, o filme do diretor Florian Henckel von Donnersmarck se passa em meados da década de 1980. Aborda o sistema de espionagem oficial da Alemanha Oriental ( Stasi ) e trata dos desdobramentos inesperados das interações entre um espião e o escritor por ele investigado. O segundo filme sugerido é “Adeus, Lenin”, do diretor Wolfgang Becker, do ano de 2003.  A imaginativa e divertida história reflete sobre os anos finais da República Democrática Alemã e a transição a uma Alemanha unificada. Profa. Mirian Santos Ribeiro de Oliveira

Os “novos” museus e os “velhos” Estados nacionais: o Museu da Alemanha Oriental em Berlim

No século XIX, os museus foram instrumentos fundamentais na formação e na legitimação dos Estados nacionais. Os museus passaram a transmitir a ideia de uma história e de uma identidade em comum entre os habitantes de um mesmo território, o que legitimaria a existência do Estado nacional. Essa relação entre os museus e os Estados nacionais continua presente e não apenas na América Latina. Um claro exemplo é o Museu da Alemanha Oriental em Berlim, inaugurado em 2006. Trata-se de um museu “moderno” e bastante interativo, o que tem garantido sucesso de público. A atualização da linguagem é realmente um desafio necessário à maioria dos museus. No entanto, essa atualização não pode ser feita à custa da simplificação da história. Nas salas do museu, o que se vê é uma Alemanha Oriental “exótica”, marcada por costumes como o nudismo “em larga escala”. O museu ainda se dedica a mostrar os produtos “curiosos” que eram consumidos pelos antigos orientais e as interferências do Partido Comuni

Breve recorrido por el arte colombiano: Museo de Arte del Banco de la República

Ubicado en el centro histórico de la capital colombiana, específicamente en la conocida “manzana cultural”, junto al Museo de Botero, Casa de la Moneda y la Biblioteca Luis Ángel Arango, ofrece gratuitamente a los visitantes más de 5.000 piezas de 250 artistas, entre pinturas, fotografías, retratos, esculturas, entre otras. Si bien se da prioridad a la exposición de obras creadas por artistas colombianos, también hacen presencia varios artistas latinoamericanos y europeos. Desde su constitución en 1923 el Banco de la República (o Banco Central de Colombia en la época) asumió la preservación y difusión de piezas precolombinas, libros, documentos y pinturas que podrían ser consideradas patrimonio del país. La designación (a veces controversial) del Banco de la República como institución interesada en crear y estimular el  aspecto cultural y artístico en Colombia comienza con la llegada de tres piezas orfebres en la década del 30. Entre ellas se encontraba el famoso poporo Quimbaya, ex

“Conhecendo Museus”

Neste post não vamos falar de um museu especificamente, mas de um projeto audiovisual chamado Conhecendo Museus que tem por objetivo apresentar a diversidade de instituições museográficas espalhadas por todo o território brasileiro. O projeto conta com o apoio de diversas instituições como o Instituto Brasileiro de Museus –IBRAM, Sistema Brasileiro de Museus – SBI, Ministério da Cultura – MEC e Fundação José de Paiva Neto. O formato dos programas são vídeos com duração média de 26 minutos narrados por uma voz off. Esta voz, que seria a própria câmera, apresenta para o público a instituição através de imagens do acervo e entrevistas com os pesquisadores responsáveis pela instituição. Sua construção, com intuito pedagógico e formato ágil, tem como público alvo, sobretudo, jovens, mas alcança todos os públicos. Os programas foram organizados em temporadas para serem exibidos na programação da TV BRASIL e TV ESCOLA, mas também podem ser assistidos no Youtube. Além disso, há um site d

Arte asiática em espaços culturais de Santiago de Chile

O 15º Congresso da Associação Latino-Americana de Estudos da Ásia e da África (ALADAA) foi realizado em Santiago do Chile, em janeiro de 2016. A escolha do Chile como sede do evento que celebrava os 40 anos de existência da Associação foi interessante. A sede regional chilena é composta por jovens pesquisadores, o que demonstra o vigor e a capacidade de renovação das redes de trabalho construídas ao longo destas quatro décadas. Além disso, os territórios de nosso subcontinente banhados pelo Oceano Pacífico nos lembram de que as ligações entre Ásia e América Latina, mais especificamente, são antigas. Bens, pessoas e ideias asiáticas ou de origem asiática circularam pelas Américas durante os períodos coloniais e continuaram a fazê-lo nos novos Estados independentes. Enquanto participava do Congresso da ALADAA, chamou minha atenção a presença e a circulação de elementos culturais asiáticos ou de origem asiática em espaços culturais de Santiago. Cito dois exemplos: a exposição “ Samur

Museo Chileno de Arte Precolombino

Em janeiro de 2016, turistas apressados caminhavam pelas ruas centrais de Santiago, capital do Chile. Eu fazia parte de um grupo que percorria, a pé, as principais atrações turísticas do centro da cidade. Na Plaza de Armas, ouvimos do guia, um brasileiro que falava muito bem o espanhol, que a história de Santiago se iniciou com a conquista espanhola e que a praça é um dos principais cenários deste importante evento histórico. Algumas pessoas do grupo fizeram perguntas sobre o entorno, sobre características da Plaza. E me assombrei por não ouvir uma única indagação sobre os habitantes originários do território. Bem, os mapuche apareceram na narrativa do guia um pouco adiante, quando parou diante de um monumento que remete ao sofrimento deste povo, em luta constante contra a opressão (dos conquistadores espanhóis, dos criollos e dos próprios chilenos). Caminhamos um pouco mais, entramos na rua Compañía e nos detivemos alguns momentos perto do Museo Chileno de Arte Precolombino . Agora