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Mostrando postagens de março, 2012

Dicas de arquivos e bibliotecas virtuais para o projeto de pesquisa.

Caros calouros e demais interessados! Seguem as primeiras dicas de arquivos e bibliotecas virtuais para a elaboração do projeto de pesquisa: * Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes ( http://www.cervantesvirtual.com/ ): o site está entre os melhores arquivos e bibliotecas virtuais em espanhol. * Brasiliana USP ( http://www.brasiliana.usp.br/ ): a Universidade de São Paulo (USP) está disponibilizando o acervo de José Mindlin (1914-2010), considerado o maior bibliófilo brasileiro. Quando o projeto estiver concluído, os 40 mil volumes do acervo de Mindlin estarão disponíveis na internet. * Portal Guaraní ( http://www.portalguarani.com/ ): um dos principais sites sobre a História e a cultura do Paraguai. * Acervo Digital Veja ( http://veja.abril.com.br/acervodigital/ ): a revista semanal brasileira Veja pode ser consultada desde o primeiro número, lançado em 1968. * Nosso Tempo Digital ( http://www.nossotempodigital.com.br/estreia-segundo-semestre/ ): o semanário Nosso Tempo ci

A História segundo E. H. Carr.

“O ponto de vista de Collingwood pode ser resumido da seguinte maneira: a filosofia da história não se ocupa nem do “passado em si” nem do “pensamento do historiador em si acerca do passado”, mas de “as duas coisas nas suas relações mútuas”. (Tal afirmação reflecte os dois significados correntes da palavra “história” – a pesquisa levada a cabo pelo historiador e a série de acontecimentos passados que ele investiga.) “O passado que um historiador estuda não é um passado morto, mas um pretérito que, de alguma maneira, ainda vive no presente”. (...). (...). Em primeiro lugar, os factos da história nunca nos chegam “puros”, visto que não existem nem podem existir sob uma forma pura: eles surgem sempre refractados através da mente do registrador. Segue-se que, quando nos empenhamos num trabalho de história, a nossa primeira preocupação deveria ser, não com os factos que ele contém, mas com o historiador que o elaborou. (...). O segundo ponto, mais conhecido, é o da necessidade, por

"Gêneros em Debate", 28 e 29 de março na Fundação Cultural.

Nesta semana, na quarta-feira dia 28 e na quinta 29 acontecerá o evento "Gêneros em Debate" na Fundação Cultural, em Foz do Iguaçu. O evento é uma iniciativa de professores dos cursos de História, de Antropologia e de Relações Internacionais da UNILA. A programação completa está disponível em: < http://www.unila.edu.br/noticia/g%C3%AAneros-em-debate >. Contamos com a presença de todos! Trata-se de um debate fundamental para nós historiadores. A categoria gênero se consolidou nas últimas décadas e tem oferecido novas perspectivas para se compreender como os papéis atribuídos a homens e mulheres são construídos historicamente. Vejamos o que Joan Scott nos diz a respeito: "No seu uso mais recente, o “gênero” parece ter aparecido primeiro entre as feministas americanas que queriam insistir na qualidade fundamentalmente social das distinções baseadas no sexo. A palavra indicava uma rejeição ao determinismo biológico implícito no uso de termos como “sexo” ou “diferença s

"Carta Abierta de un Escritor a la Junta Militar": o golpe de 1976 na Argentina, 36 anos depois.

O golpe de Estado de 1976 na Argentina completa hoje 36 anos. Nesta data, a Argentina celebra o Dia da Memória em homenagem às milhares de vítimas da ditadura militar. A seguir, o início da Carta Abierta de un Escritor a la Junta Militar , escrita por Rodolfo Walsh em 24 de março de 1977, dia do primeiro aniversário do golpe. A carta é uma denúncia contundente contra os militares. Walsh é um dos trinta mil desaparecidos políticos deixados pela ditadura instaurada em 1976. Walsh desapareceu um dia depois de escrever a carta: “1. La censura de prensa, la persecución a intelectuales, el allanamiento de mi casa en el Tigre, el asesinato de amigos queridos y la pérdida de una hija que murió combatiéndolos, son algunos de los hechos que me obligan a esta forma de expresión clandestina después de haber opinado libremente como escritor y periodista durante casi treinta años. El primer aniversario de esta Junta Militar ha motivado un balance de la acción de gobierno en documentos y discursos of

Salomé telefona para Figueiredo.

O humorista Chico Anysio morreu ontem aos 80 anos. Como outros humoristas que viveram a ditadura militar e o processo de (re)democratização do Brasil, Chico usou o humor para fazer críticas políticas e sociais criativas, não menos importantes naqueles anos de autoritarismo, crise econômica e incertezas. A seguir, Chico em 1980 como a “Salomé de Passo Fundo”. No quadro, Salomé telefona para o general João Baptista Figueiredo, o último presidente da ditadura militar (1979-1985): Prof. Paulo Renato da Silva.

Afinal, o que é História?

Caros calouros do curso de História! Após a nossa longa conversa de terça-feira à noite, pode ter ficado a seguinte pergunta: afinal, o que é História? Deixo uma boa resposta, de Marc Bloch: “Diz-se algumas vezes: “A história é a ciência do passado.” É [no meu modo de ver] falar errado. (...). Há muito tempo, com efeito, nossos grandes precursores, Michelet, Fustel de Coulanges, nos ensinaram a reconhecer: o objeto da história é, por natureza, o homem. Digamos melhor: os homens. (...). (...). “Ciência dos homens”, dissemos. É ainda vago demais. É preciso acrescentar: “dos homens, no tempo”.” (BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador . Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. p. 52-55). Prof. Paulo Renato da Silva.

"São Sebastião guiando o Brasil contra os inimigos da pátria", de Henrique Fleuiss.

(Disponível em: < http://people.ufpr.br/~lgeraldo/saosebastiao.JPG > . Acesso em: 20 mar. 2012). A gravura, feita durante a Guerra da Tríplice Aliança, foi criada por Henrique Fleuiss e publicada em 22 de janeiro de 1865, no número 215 do periódico A Semana Ilustrada . Na alegoria vemos a imagem de uma figura religiosa, representada por São Sebastião, proteger uma índia, que representaria a Nação brasileira. É interessante notar a presença da figura da índia na alegoria. Observamos que os monarquistas associaram a figura da nação à “nativa protetora” e, assim, tentaram estimular um sentimento nacionalista na população, já que o índio foi o símbolo do nacionalismo durante a fase romântica. Segundo José Murilo de Carvalho, em sua obra A Formação das Almas: O Imaginário da República no Brasil , a utilização da figura feminina foi utilizada pelos republicanos brasileiros, inspirados nos ideais franceses, para tentar legitimar o novo regime. É curioso notar a presença da figura fem

"A Paraguaia" (1879), do pintor uruguaio Juan Manuel Blanes (1830-1901).

Óleo sobre tela, 100 x 80 cm Fonte: Museo Nacional de Artes Visuales (Disponível em: < http://m.mnav.gub.uy/cms.php?o=1083 >. Acesso em: 14 mar. 2012). O quadro, pintado alguns anos após a Guerra do Paraguai ou da Tríplice Aliança, é um dos mais representativos da história do Paraguai e das representações projetadas sobre o país. A mulher em destaque pode ser lida como uma alegoria da República paraguaia. A obra está no Museu Nacional de Artes Visuais de Montevidéu, Uruguai. Prof. Paulo Renato da Silva.

"Historiadores pra quê?"

Encaminho uma reflexão pertinente de Keila Grinberg, publicada na coluna Em Tempo da revista Ciência Hoje : "Pergunte a qualquer estudante de pós-graduação em história no Brasil o que ele quer ser quando defender, e a resposta vai ser quase sempre a mesma: professor universitário. Nos Estados Unidos também é assim. Mas a realidade dos doutores recém-formados tem sido bem diferente da expectativa. Com a crise econômica, a maioria, quando acha emprego, acaba trabalhando em museus, escolas e outros lugares tidos como de menor prestígio. A redução de vagas no mercado de trabalho universitário para a área de humanidades – o que, aliás, acontece nos Estados Unidos desde a década de 1970 – é a provável razão por trás da grande discussão sobre os programas de pós-graduação em história e a função social dos historiadores que está sacudindo o campo desde outubro do ano passado naquele país. Ainda que a motivação seja mesmo esta, ela está vindo para o bem. Em outubro de 2011, Anthony Grafton

"Um equívoco sobre o processo boliviano".

Encaminho trecho – polêmico – do artigo de Pablo Stefanoni sobre o processo de mudanças iniciado por Evo Morales na Bolívia. O artigo se chama Ao menos quatro equívocos sobre o processo boliviano . Segue um dos equívocos destacados pelo autor: “ 3. En Bolivia se está construyendo una alternativa a la modernidad y al capitalismo. (...) se considera, a menudo, que el boliviano es un proyecto más profundo comparado incluso con Venezuela o Ecuador. Pero ello parte de una confusión entre las prácticas y los discursos oficiales (generalmente repetidos con mayor convicción fuera de Bolivia) acerca de la necesidad de construir el proyecto del “vivir bien” (posdesarrollista), el cual hasta ahora se mantiene en una dimensión filosófica imposible de traducir en políticas públicas, especialmente cuando se busca definirlo con frases como: “El sumaj qamaña (vivir bien)...es la dulzura de “ser siendo” frente a la dureza del “estar estando”. En verdad, la línea gubernamental hegemónica es una mezcla

O "isolamento" do Paraguai, uma síntese.

A seguir, uma síntese de uma das principais características atribuídas ao Paraguai, o isolamento: “Llegados a este punto, conviene hacer hincapié en uno de los hechos y aspectos más destacados de la historia del Paraguay: su aislamiento. (...). Como en el Paraguay no se alcanzó la conquista de un gran imperio, ni tampoco se hallaron las riquezas que prometía “el nombre hechicero del Río de la Plata”, esa empresa de conquista quedó en la penumbra. (...). Pero el proceso paraguayo de conversión a una “isla rodeada de tierra” no se inició en 1537 con la fundación de la ciudad de Asunción; todo lo contrario, una serie de títulos y preeminencias enorgullecieron en el pasado a sus habitantes. En primer lugar, durante el siglo XVI a esta región se la denominó la Provincia Gigante de las Indias, pues sus dominios se extendían por el oeste hasta alcanzar el litoral del Pacífico (incluyendo territorios de los actuales Bolivia y Chile) y por el sudeste hasta el Atlántico. En segundo lugar, la Co

Centenário da Guerra do Contestado.

Em 2012 faz 100 anos que se iniciou a Guerra do Contestado, na divisa entre os atuais Estados do Paraná e Santa Catarina. No texto a seguir, publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional em 2010, Tarcísio Motta de Carvalho faz um panorama sobre o movimento, seus líderes e principais causas:  “Três personagens marcaram profundamente os que enfrentaram as tropas da República na Guerra do Contestado (conflito ocorrido entre 1912 e 1916 na região serrana de Santa Catarina, envolvendo, de um lado, caboclos expulsos de suas terras, e de outro, o Exército nacional). Os monges João Maria de Agostinho, João Maria de Jesus e José Maria de Santo Agostinho percorriam os sertões do sul do Brasil desde o século XIX. Vindo da Itália para o Brasil em 1844, João Maria de Agostinho logo fixou residência em Sorocaba, no interior de São Paulo. Anos mais tarde, passou pelo Rio Grande do Sul, por Santa Catarina e pelo Paraná realizando curas valendo-se de fontes de água que o povo acabaria conside