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Mostrando postagens de junho, 2020

A construção do “Dia da Cultura Afroparaguaia”: memória(s) e identidade(s) no Paraguai

Em 2015, no Paraguai, foi aprovada a lei 5464 que criou o “Dia da Cultura Afroparaguaia” em 23 de setembro de cada ano. 23 de setembro é a data oficial de falecimento de José Artigas, expoente da história e da independência do Uruguai que se exilou no Paraguai em 1820 – e onde faleceu em 1850. Artigas se exilou no país acompanhado de seus soldados negros que, segundo George Andrews, “ constituíam a parte mais leal de seu exército” e “se estabeleceram em duas vilas afro-uruguaias perto de Assunção que existem até hoje.” (ANDREWS, 2007, p. 91). Assim, o nome de Artigas está intimamente relacionado à história dos afroparaguaios. Imagem de divulgação da “Semana Afroparaguaia” promovida pela SNC faz referência explícita à Lei N o  5464/15, que criou o “Dia da Cultura Afroparaguaia”, e frisa a “importante presença afro” na cultura paraguaia. Disponível em: < http://www.cultura.gov.py/2019/09/cultura-conmemora-la-semana-afroparaguaya/ >. Acesso em:  29 abr. 2020 O Paraguai é

A peste enquanto metáfora: política e doença

Esse texto foi escrito para introduzir a obra do filósofo e escritor Albert Camus, no intuito de comparar para compreender as atuais questões políticas-filosóficas construídas ao longo da história em meio ao avanço da extrema direita em paralelo com a pandemia de Coronavírus.  Retomamos aqui as reflexões de postagem anterior  do blog,  em que utilizamos o pensamento de Camus para pensar as revoltas contra o racismo. A peste (1947) é considerada a grande obra do filósofo Albert Camus, embora no Brasil O estrangeiro (1942) seja sua obra mais lida. Como escritor, Camus ganhou o prêmio Nobel em 1957. Três anos depois, o autor sofreu um fatal acidente de carro que lhe custou a vida com apenas 46 anos de idade. O romance foi publicado em 1947, durante os últimos anos da segunda guerra mundial e sua história se passa em uma cidadezinha da Argélia, chamada Oran. No início da obra, descobrimos a cidade, que era tranquila, pacata e para os mais céticos, banal. A cidade não possuía mu

História, Memória e Abolição em Redenção (CE): as pesquisas do Mestrado em História da UNILA

Apresentamos hoje mais uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIS) da UNILA:  Fundo Documental Ladeísse Silveira: Entrelaçando História, Memória e Abolição na Construção de uma “Sociedade Redentora” – Redenção/CE , a pesquisa de mestrado da estudante do PPGHIS  Ester Araújo Lima da Silva. A pesquisa trata de questões como a constituição de arquivos privados, sua transformação em acervos públicos e sua conservação, a partir de fundo documental formado em Redenção (CE). Boa leitura! Fundo Documental Ladeísse Silveira: Entrelaçando História, Memória e Abolição na Construção de uma “Sociedade Redentora” – Redenção/CE             O presente texto apresenta, em síntese, um panorama da pesquisa de mestrado que desenvolvo, cujo escopo central baseia-se na investigação da trajetória de constituição do Fundo Documental Ladeísse Silveira, de forma a observar a sua contribuição para (re)pensar o processo abolicionista no município de Redenção, localizado na região do

Comemorando o aniversário de Foz do Iguaçu e sua história: A importância da revista Painel (1973-2017) para a história de Foz do Iguaçu e região

Neste dia 10 de junho, em que comemoramos os 106 anos de fundação de Foz do Iguaçu, o blog publica iniciativa dos professores Paulo Renato da Silva e Rosangela de Jesus Silva, do curso de História - América Latina da UNILA, voltada para a catalogação e difusão de fontes históricas do município. Boa leitura! A importância da revista Painel (1973-2017) para a história de Foz do Iguaçu e região O projeto de extensão História e Memória de Foz do Iguaçu e região: digitalização, catalogação e difusão de fontes históricas, em desenvolvimento na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), tem o objetivo de formar um acervo de documentos históricos no âmbito do Laboratório de Estudos Culturais (LEC) da UNILA, ligado ao curso de História – América Latina. O LEC funciona na sala 302 do Jardim Universitário – atualmente fechado em virtude da pandemia provocada pelo coronavírus. A primeira fonte histórica contemplada pelo projeto é a revista Painel , que foi publicada em

Albert Camus diante do Absurdo e a Revolta em Minneapolis

Fonte:  https://noticias-r7-com.cdn.ampproject.org/v/s/noticias.r7.com/internacional/fotos/protestos-por-morte-de-george-floyd-pela-policia-se-estendem-pelos-eua-30052020?amp=&usqp=mq331AQFKAGwASA%3D&amp_js_v=0.1#aoh=15910371932351&referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com&amp_tf=Fonte%3A%20%251%24s , acesso em 08/06 O filósofo franco - argelino Albert Camus, nasceu na Argélia em 1913  no período em que a ocupação europeia estava partilhando a África. Na infância, o autor era chamado pelos outros franceses de Pied-Noir (Pé-negro), apelido pejorativo dado para aqueles franceses que nasciam no solo africano. Camus perdeu seu pai quando era ainda muito jovem, nos anos de 1914, primeira guerra mundial, na batalha do rio Marne, uma batalha entre franceses, alemães e ingleses, que matou mais de um milhão de pessoas. Além dos eventos absurdos que o autor vivenciou em sua infância, ele era muito pobre. O fato é que Camus só conseguiu estudar por ter recebido incentivo