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Mostrando postagens de abril, 2011

Os muitos nomes da América.

Fonte: < http://www.torresgarcia.org.uy/categoria_130_1.html > (Museu Torres García - Uruguai)            Os nomes e conceitos em História apresentam conotações políticas que devem ser consideradas. O nome mais conhecido para se referir ao continente é América Latina, mas não é o único.            O nome América Latina se difundiu no século XIX, principalmente depois da invasão francesa do México. Assim, era uma forma de legitimar as pretensões dos franceses sobre o continente. Vale lembrar que, de um modo geral, os povos latinos são aqueles que falam línguas que se originaram do latim como o português, o espanhol, o francês e o italiano.           Outro nome é Ibero-América, quando se pretende destacar a colonização e heranças culturais ibéricas, ou seja, de Portugal e Espanha.            A presença e o legado dos povos originários são ressaltados por aqueles que empregam o termo Indo-América.            Outra possibilidade é América Afro-Latina. George Reid Andrews é um dos au

Acervo Digital Veja.

            Todos os números da revista semanal brasileira Veja podem ser consultados on-line, gratuitamente e inclusive sem necessidade de cadastro no site < http://veja.abril.com.br/acervodigital/ >. O primeiro número da revista foi publicado em 11 de setembro de 1968.             Trata-se de uma fonte que abre diversas possibilidades de pesquisa para o historiador. É possível ir muito além da revista e problematizar aspectos importantes da história do país e como a sociedade brasileira e, em particular, os leitores de Veja vivenciaram processos variados como a ditadura militar, a abertura política, transformações nos costumes, etc.              Prof. Paulo Renato da Silva.

Tiradentes, o homem e o mito.

            Encaminho link para entrevista que dei hoje na CBN Foz sobre Tiradentes: < http://www.cbnfoz.com.br/2011/04/21/paulo-renato-da-silva-professora-da-unila-de-historia-fala-sobre-o-dia-do-tiradentes/ >.              Prof. Paulo Renato da Silva.

“A Invenção dos Direitos Humanos”.

            Cabe pontuar algumas das principais discussões da aula de ontem sobre o texto de Lynn Hunt.             Para a autora, o que caracteriza os direitos humanos é o seu conteúdo político. Os direitos humanos não seriam apenas os “naturais” ou aqueles supostamente concedidos pelo divino. Segundo Hunt, os direitos humanos são conquistados e ampliados pela ação dos sujeitos e dos grupos. Por isso, a autora considera que os direitos humanos surgiram no século XVIII e se consolidaram a partir da Revolução Francesa. Antes desse período, de uma maneira geral, a política era justificada pela tradição e “origem divina” do poder absolutista monárquico.             Quanto à conquista e ampliação dos direitos humanos, vimos como, recentemente, os movimentos sociais como o gay, o indígena e o negro têm se mobilizado pelo reconhecimento identitário, além das tradicionais causas sociais e políticas. A autora refuta a ideia de que os direitos humanos fracassam na difusão da igualdade e de sua

Campanha pela Memória e pela Verdade.

                        A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro promove, através de seu site, um abaixo-assinado pela abertura dos arquivos referentes à ditadura militar brasileira (1964-1985).           Mais de 30 mil pessoas já assinaram, mas este número precisa aumentar. É simples e rápido. Acessem e divulguem: < http://www.oab-rj.org.br/forms/abaixoassinado.jsp >.             Prof. Paulo Renato da Silva.

“Intercâmbios Políticos e Mediações Culturais nas Américas.”

          A internet tem sido uma ferramenta cada vez mais presente no trabalho dos historiadores. Além da disponibilização de fontes primárias, os livros eletrônicos têm se popularizado.           Um livro interessante recentemente disponibilizado na internet é Intercâmbios Políticos e Mediações Culturais nas Américas , organizado pelo professor José Luis Bendicho Beired da UNESP de Assis (SP) e pelas professoras Maria Helena Capelato e Maria Ligia Coelho Prado da USP da cidade de São Paulo. O livro é composto por trabalhos apresentados em outubro de 2008 no seminário internacional de mesmo nome realizado na USP São Paulo e organizado pelo Projeto Temático FAPESP Cultura e Política nas Américas: Circulação de Ideias e Configuração de Identidades (séculos XIX e XX) . O link para o livro é: < http://www.fflch.usp.br/dh/leha/cms/UserFiles/File/Intercambios_Politicos_-_e-book.pdf >.           Prof. Paulo Renato da Silva.

A ANPHLAC e a “latino-americanização” do Brasil.

          Tradicionalmente o Brasil foi – e em alguma medida ainda é – um país de costas viradas para o restante da América Latina. Muitos brasileiros costumam associar o termo latino-americano apenas aos nossos vizinhos e não a si próprios.          Antes da UNILA, vários pesquisadores e instituições começaram a mudar esse quadro. Dentre essas iniciativas cabe destacar a formação da ANPHLAC (Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas) no início da década de 1990.          No site da ANPHLAC ( http://www.anphlac.org/ ), o internauta encontra a História da entidade, lista de pesquisadores, apoio didático para professores e notícias sobre encontros da associação. Ainda é possível acessar os nove números da Revista Eletrônica da ANPHLAC , textos completos e resumos de trabalhos apresentados nos nove encontros da associação e o seu boletim.          Prof. Paulo Renato da Silva.

“El Historiador”: a Argentina além de seus mitos.

          O site El Historiador ( http://www.elhistoriador.com.ar/ ), organizado pelo historiador argentino Felipe Pigna, é um instrumento interessante para aqueles que querem iniciar um estudo sobre a História da Argentina.           O site apresenta textos predominantemente cronológicos e descritivos, mas também introduz alguns dos principais debates da historiografia do país. O próprio Pigna se define como um historiador preocupado com a divulgação da História e, além da internet, atua no rádio e na televisão.          Dentre as seções há “Síntesis Histórica”, “Cronología Multimedia”, “Presidentes y Ministros”, “Datos y Estadísticas”, “Biografías”, “Documentos”, “Frases y Anécdotas”, “Historia en el Aula”, “Historia para Escuchar”, “Historia para Ver”, “Donde Estudiar”, “Gaceta Histórica”, “Cursos y Charlas”, “Radio y TV”, “Libros”, “DVDS y CDS” e “Vínculos”.          Em breve apresentaremos algumas das principais características da historiografia argentina e perspectivas atuais de

“Portal Guaraní”: um atalho para o Paraguai.

           Em agosto de 1977, o escritor paraguaio Augusto Roa Bastos (1917-2005), referindo-se ao isolamento cultural no qual viveria o seu país, definiu o Paraguai como uma ilha cercada de terra por todos os lados.           Muito parece ter mudado desde então, sobretudo após a queda da ditadura do general Alfredo Stroessner (1954-1989). Atualmente, o Paraguai vive um bom momento quanto à pesquisa e produção em História. Em virtude do Bicentenário da Independência, comemorado neste ano, o mercado editorial está aquecido e instituições de pesquisa têm reorganizado seus acervos e desenvolvido importantes processos de digitalização.             No Portal Guaraní ( http://www.portalguarani.com/ ) é possível acompanhar este momento do Paraguai. No site há links para bibliotecas virtuais, centros culturais, editoras, galerias e museus, dentre outros.             O Paraguai oferece diversas possibilidades de pesquisa para os historiadores. Proximamente apresentaremos algumas dessas possibil

BALANÇO DO DEBATE: PROCESSOS HISTÓRICOS TRAUMÁTICOS, MEMÓRIA E HISTÓRIA.

          Passados alguns anos desde a escrita do artigo Memória, História e Cidadania , apesar dele ter sido publicado apenas em 2010, gostaria de pontuar e desenvolver algumas questões discutidas sucintamente nestes dias.           Em primeiro lugar, cabe diferenciar a memória do Holocausto da memória das ditaduras militares na América Latina. No pós-guerra, a Alemanha trouxe à tona a experiência do nazismo, enquanto que na América Latina ainda predomina o desconhecimento quanto às ditaduras militares. Por isso a discussão de limites para a memória de processos históricos traumáticos é mais presente na Alemanha do que na América Latina.           A discussão de limites, por sua vez, não deve culminar na defesa do esquecimento, tampouco na ausência de justiça. Os limites devem ser pensados para que esta memória não seja apropriada indevidamente; por exemplo, preocupa no caso argentino que, recentemente, os governantes pareçam se destacar mais do que os movimentos sociais no que se ref

PROCESSOS HISTÓRICOS TRAUMÁTICOS: DEVE HAVER LIMITES PARA LEMBRÁ-LOS? PARTE II.

            “Debates semelhantes ocorreram após a queda das últimas ditaduras militares na América Latina. Anistia geral, irrestrita, incluindo os militares, ou apenas para os perseguidos políticos? O debate continua principalmente na Argentina, em virtude do elevado número de desaparecidos políticos e pela forte atuação de entidades como as Mães da Praça de Maio, associação liderada por familiares de perseguidos pela ditadura. Em 2006, o golpe fez 30 anos, a data (24 de março) virou feriado e o lema dos principais movimentos sociais argentinos neste dia foi, justamente, “Não haverá perdão”. As Mães da Praça de Maio e outras entidades são responsabilizadas por alguns setores da sociedade argentina pela manutenção de tensões políticas. Segundo esses setores, essas entidades, paradoxalmente, alimentariam a extrema direita que, temendo punições referentes ao período militar, se manteria articulada. Por exemplo, em 2006, o argentino Jorge Julio López, testemunha de acusação no julgamento d

PROCESSOS HISTÓRICOS TRAUMÁTICOS: DEVE HAVER LIMITES PARA LEMBRÁ-LOS?

            Continuamos com a reflexão sobre a memória de processos históricos traumáticos:            “A memória de situações traumáticas é controversa, pois o ressentimento existente em muitos sobreviventes nos coloca a seguinte questão: deve haver limites para a memória social? Se por um lado a memória dos sobreviventes do Holocausto fez da Alemanha um país mais tolerante, preocupado com o respeito à diversidade, como se notou na Copa do Mundo de 2006, por outro, não alimentaria, ainda que indiretamente, a política de consolidação do Estado de Israel contra o povo palestino? Está crescendo o (antigo) debate sobre a pertinência de se colocar ou não limites para a memória social. O filósofo francês Paul Ricoeur provocou polêmica ao defender a necessidade de perdão na História. Discutir limites para a memória social não necessariamente significa defender o esquecimento. Nem o perdão defendido por Ricoeur exclui a punição. Retornando ao exemplo do Holocausto, o debate cresce, pois respo

PROCESSOS HISTÓRICOS TRAUMÁTICOS: POR QUE É DIFÍCIL LEMBRÁ-LOS?

Seguimos com a reflexão sobre a memória de processos históricos traumáticos: “O caso mais conhecido da relação entre o esquecimento e a vida é o dos sobreviventes do Holocausto. Se todas as experiências traumáticas vividas nos campos de concentração tivessem permanecido intactas na memória deles, teriam sobrevivido por muito tempo? (...). Bem sei que, contando isso, dificilmente seremos compreendidos, e talvez seja bom assim (LEVI, 1988). Primo Levi sobreviveu ao Holocausto. Químico de formação, tentou retomar a carreira após a guerra, mas “falou mais forte” a necessidade que sentia de relatar a experiência que tinha vivido no campo de concentração e escreveu vários livros a respeito. (...). (...). Todos que passam por uma situação traumática seguramente se deparam com a seguinte dificuldade: como relatar algo que, por vezes, eu próprio não acredito ter presenciado/vivido? O trauma é definido por uma singularidade, pelo seu caráter único, excepcional. Assim, narrar (por escrito, oralme

PROCESSOS HISTÓRICOS TRAUMÁTICOS: POR QUE LEMBRÁ-LOS?

             Para iniciarmos uma reflexão sobre a memória de processos históricos traumáticos como o Holocausto e as ditaduras militares na América Latina, deixo um pequeno trecho de um artigo de minha autoria:             “Ninguém duvida que seja necessário lembrar as experiências traumáticas. Em alguns casos, como o do Holocausto, lembrar seria mais do que um direito, mas também um dever. Permite uma reparação às vítimas e alerta sobre o perigo representado por situações semelhantes. O testemunho dos sobreviventes do Holocausto fez vir à tona experiências traumáticas maquiadas pela propaganda nazista e ajudou a extirpar do Estado alemão pessoas ligadas ao regime de Hitler.             No caso das ditaduras militares latino-americanas, podemos fazer observações semelhantes. As memórias dos perseguidos políticos abalaram a imagem dos militares como promotores do “progresso” e são fundamentais nos esforços para se consolidar a democracia no continente.” (Memória, História e Cidadania. C

MULHER ENFRENTA POLICIAIS ASSASSINOS.

             Ontem veio a público a história de uma mulher que presenciou em um cemitério de São Paulo a execução de um homem por dois policiais. Diante dos policiais, a mulher acionou a Polícia Militar. Um ato de coragem, cidadania e confiança nas instituições do Estado, apesar da cena presenciada. Que o Estado brasileiro corresponda a essa confiança e preserve a integridade dessa mulher e de todos que atuam pelo fim da impunidade a essas violações dos direitos humanos.            Leia reportagem em: < http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/898180-mulher-liga-para-190-e-denuncia-pms-por-assassinato-ouca.shtml >.              Prof. Paulo Renato da Silva.

INTOLERÂNCIA: AUMENTAM OS ASSASSINATOS DE GAYS NO BRASIL.

           Leia reportagem em: < http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,numero-de-assassinatos-de-gays-sobe-31-no-brasil-afirma-entidade,701535,0.htm >.            Universidade rima com diversidade. Por um conceito amplo de direitos humanos. Pela memória das minorias e reescrita da História.            Prof. Paulo Renato da Silva.

DITADURA, CINEMA E DEBATE.

            No sábado, dia 2, houve sessão de cinema no Teatro Barracão, localizado na Praça da Bíblia (Avenida República Argentina, número 4331). Foi exibido Batismo de Sangue (2007, Brasil, direção: Helvécio Ratton). O evento foi organizado pela Casa do Teatro e pela Casa da América Latina e contou na mesa de debate com o professor da UNILA Fabrício Pereira da Silva (Ciência Política e Sociologia) e com o jornalista Aluízio Palmar, perseguido político durante a ditadura militar brasileira (1964-1985) e presidente do Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (CDHMP).             Mais de 70 alunos da UNILA estiveram presentes. O ônibus doado pelo Sr. Osmar Gebing do CDHMP contribuiu decisivamente para essa presença expressiva.             O debate tocou em pontos centrais da ditadura militar e da memória sobre o período.             Quanto aos militantes que, sob tortura, delataram companheiros, o professor Fabrício defendeu que é preciso romper o estigma de delato

MALVINAS, 29 ANOS DEPOIS.

            No sábado, dia 2, os argentinos lembraram os 29 anos de sua ocupação das Ilhas Malvinas, localizadas no Atlântico Sul. A data é feriado no país e diversos atos reivindicam a soberania da Argentina sobre as ilhas, as quais seguem sob o domínio da Inglaterra.             Trata-se de uma questão complexa, mas a reivindicação da Argentina é legítima. Para fazer uma comparação bastante simplificada, o que os brasileiros pensariam se o arquipélago de Fernando de Noronha fosse dos ingleses? E se Galápagos não pertencesse ao Equador, mas à Inglaterra? Para mencionar apenas mais um exemplo, e se a Ilha de Páscoa não fosse do Chile, mas de um país europeu?             O que é passível de críticas é o uso político da questão por governos argentinos, cujo ápice foi a Guerra das Malvinas em 1982, na qual morreram cerca de 650 soldados do país e mais de 1000 ficaram feridos. Há décadas o assunto é utilizado para alimentar o nacionalismo, sobretudo em momentos de crise política e social.