Pensamos, na última postagem, na construção de narrativas sobre o passado realizadas por historiadores. Na postagem de hoje voltaremos nossa atenção para narrativas sobre o futuro: utopias (a imaginação de um futuro melhor) e distopias (o vislumbre de um futuro pior para a humanidade), presentes na literatura e em obras diversas de ficção científica, como filmes, séries e livros. O que nossas histórias sobre o futuro revelam sobre nosso presente? Como pensar essas obras enquanto documentos históricos, testemunhos de seus contextos de produção? O teórico e crítico cultural britânico Raymond Williams (1921-1988) pensou a relação entre a literatura utópica/distópica e a ficção científica no texto “Utopia e ficção científica” (publicado originalmente em 1979). Williams, teórico marxista e um dos pioneiros dos Estudos Culturais , acreditava ser possível distinguir quatro tipos básicos de ficção utópica/distópica: (a) o paraíso , no qual uma vida mais feliz é descrita como simplesment...