Papa Doc ao criar a sua própria milícia,
considerou as mulheres. Existiu efetivamente um ramo feminino dos Tontons Macoutes. As Fillettes Laleau foram comandadas por
Madame Max Adolphe. Rosalie Bosquet (1925-?), mais conhecida por Madame Max
Adolphe, conquistou a confiança de Papa Doc depois que este sofreu um atentado.
Foi promovida a Chefe Suprema das Fillettes
Laleau e comandou durante algum tempo os interrogatórios em Fort Dimanche.
Perdeu influência durante o governo de Jean Claude Duvalier. Seu paradeiro após
o fim da ditadura é desconhecido. Sobre ela pairam denúncias de sua atuação em
Fort Dimanche onde teria cometido inclusive violência sexual contra os
prisioneiros. Madame Max Adolphe é tida como uma espécie de braço direito de
Papa Doc ao lado de Luc Desyr, chefe dos Tontons
Macoutes.
Madame Max Adolphe (à esquerda). Disponível: http://www.fksa.org/gallery3/Florida/Admin-File/album530/album578/album606/Madame_Max_Adolphe_warden_of_the_death_dungeon_Fort_Dimanche Acesso: 13/12/2013.
Simone Ovide nasceu como filha ilegítima de um
rico mulato Jules Faine e da empregada negra de Faine, Celie Ovide. Foi
abandonada em um orfanato e sua infância e adolescência foi em meio a pobreza.
Posteriormente aprendeu a profissão de enfermeira e se casou com o médico
François Duvalier. Ocupou o cargo de primeira dama, concentrando poder
político. Em 1971, com a morte de François Duvalier, herdou a “presidência para
a vida” seu filho Jean Claude Duvalier, o Baby Doc, que tinha 19 anos e
totalmente inexperiente. Dessa forma, Simone terá usufruído grande influência
sobre as decisões do governo. Ao que consta, ela também seria uma especialista
em vodu, assim como seu marido.[1]
Simone Ovide ao lado de seu filho o ditador Jean
Claude Duvalier, em 1975. Disponível em: http://kreyolicious.com/wp-content/uploads/2012/08/duvalier-11-75.jpg Acesso: 03/05/2014.
Baby Doc acompanhado de suas irmãs Nicole e
Marie-Denise Duvalier. Disponível em: http://kreyolicious.com/wp-content/uploads/2012/01/duvalierlatinamericanstudiesorg1.jpg Acesso: 03/05/2014. Nos
primeiros anos da ditadura, Nicole e Marie-Denise – a época crianças – foram
vítimas de um sequestro frustrado.
Yvone Hakim Rimpel,
jornalista e feminista haitiana, foi uma das primeiras vítimas do regime
ditatorial. Yvone foi uma das fundadoras da primeira organização feminista do
Haiti, em 1934. Em 1957 apoiou o candidato Louis Dejoie e com a vitória de
Duvalier, criticou aspectos de seu governo. No início do ano de 1958 foi
atacada por ordens de François Duvalier, espancada e estuprada foi deixada
inconsciente na rua. Durante décadas manteve-se em silêncio e somente tornou
público este caso em 1986 com o fim da ditadura.[2]
Muitas outras
mulheres foram igualmente espancadas e assassinadas, como Rosette Bastien:
Disponível
em: http://www.bloncourt.net/index-24.html
Acesso: 03/05/2014.
Samuel Cassiano - estudante do Curso de História - América Latina, da UNILA.
[1] ROTHER,
Lerry. Simone
Duvalier, the 'Mama Doc' of Haiti. 1997, disponível em: http://www.nytimes.com/1997/12/31/world/simone-duvalier-the-mama-doc-of-haiti.html Acesso: 03/05/2014.
[2] RIMPEL, Yvonne Hakim. Disponível em http://www.haitisupportgroup.org/index.php?option=com_content&view=article&id=284:yvonne-hakim-rimpel&catid=85:famous-haitians&Itemid=30 Acesso: 03/05/2014.