Pode o historiador fazer história daquilo que se passa diante de seus olhos? É possível fazer história das reviravoltas diárias da política, ou das mudanças sociais e culturais que se desenrolam no nosso cotidiano? Questões como essas têm motivado os historiadores a pensarem em uma “história do tempo presente”. Mas como se daria essa história? A rejeição da história como um estudo exclusivamente do passado já fora defendida pelos historiadores há tempos. Vemos, por exemplo, Marc Bloch, em Apologia da história, ou o Ofício do historiador (1944), contestar a visão tradicional de que historiadores estudam tão somente o passado, definindo a disciplina como “a ciência dos homens no tempo”. Ao longo do século XX, porém, o estudo da política, sociedade e cultura da atualidade foi, no geral, objeto mais da Sociologia, Ciência Política e Antropologia que da História. Os historiadores mantiveram preocupações constantes com o problema da “distância histórica”: deveria o historiador manter um ...