Na última postagem da série especial sobre História da Ásia de 2020, apresentamos um roteiro de viagem virtual, que convida noss@s leitor@s a conhecer um pouco mais sobre expressões artísticas asiáticas – elaboradas e apreciadas em diferentes períodos históricos. Uma boa viagem e aguardamos vocês com mais História em fevereiro de 2021, no Blog de História da UNILA!
Ásia na
rede: recursos on-line para conhecer mais sobre história(s) e cultura(s)
asiática(s)
Durante o ano de 2020, muitas
atividades presenciais ganharam nova vida em diferentes formatos digitais.
Nesta postagem, indicaremos algumas possibilidades de aproximação com a
história e a cultura de regiões asiáticas por meio da internet. Organizações como
Fundação Japão e ICArabe
mantiveram-se bastante ativas e ofereceram variadas atividades virtuais. Seus
websites merecem ser visitados por pessoas que se interessam pelo Japão e por
países árabes.
Nossa jornada virtual abrangerá uma
distância geográfica mais ampla em sua primeira parada, o Museu Oscar Niemeyer.
Nas duas paradas seguintes –
O Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, apresentou ao público sua coleção asiática em 2018. São cerca de três mil peças, tão variadas como “esculturas, mobiliários, cerâmicas, porcelanas, objetos em metal, gravuras, caligrafias, têxteis milenares (...) e contemporâneos” (FIANI, 2018, p. 6), colecionadas pelo diplomata Fausto Godoy ao longo de sua carreira. Uma porção cuidadosamente selecionada deste acervo apareceu nas exposições “Ásia: a terra, os homens, os deuses” e “O mundo mágico dos ningyos”, ambas disponíveis para visitação virtual. A exposição “Ásia...” nos aproxima de sub-regiões como o Leste da Ásia (China e Japão), Sudeste e Sul Asiáticos (Laos, Vietnã, Butão, Mianmar e Índia) e Oriente Médio (Irã e Afeganistão). Um aspecto bastante interessante da exposição é a exibição de objetos antigos (como aqueles pertencentes à civilização do Indo, que nos remetem a um período entre os séculos V e II a.e.c., por exemplo) e contemporâneos (com destaque para a imagem de Ganesha, construída neste século XXI em que vivemos para um festival religioso em Mumbai). Os curadores explicam ser este um traço cultural importante compartilhado por várias culturas asiáticas: a convivência entre o antigo e o novo, o tradicional e o moderno. Influente nas artes, este traço também se relaciona a um interesse sempre renovado pelo estudo da história em diferentes espaços – acadêmicos e não acadêmicos.
[N]esse mundo asiático não há interrupção
entre o velho e o novo, apenas continuidade entre um e outro. O novo é como o
antigo, não por falta de originalidade ou
incapacidade de inovação (“valor ocidental” a partir da primeira modernidade),
mas porque a ideia subjacente é a permanência
(COELHO, 2018, p. 19)
Entrada
da exposição “Ásia: a terra, os homens, os deuses”. Imagem disponível em: https://casavogue.globo.com/MostrasExpos/noticia/2018/03/museu-oscar-niemeyer-revela-delicadezas-da-asia.html
A literatura e as artes cênicas no Sul da Ásia igualmente nos remetem a esta convivência entre o antigo e o novo. Narrativas antigas, como as dos épicos Ramayana e Mahabharata, são constantemente recriadas e veiculadas em diferentes meios: adaptações literárias, peças de teatro (que incluem, também, uma longa tradição de teatros de bonecos e de sombras), filmes e séries de TV. A próxima parada de nossa jornada virtual nos apresenta adaptações desses épicos. A Casa de la India, centro cultural localizado em Valladolid, na Espanha, promoveu o Ciclo de Atividades chamado “Tesoros de la literatura india”. A versão do Mahabharata nos introduz ao conteúdo do épico, por meio de narração, ilustrações, dança e música clássica indianas. Na adaptação do Ramayana, a narração acompanha um teatro de sombras – tradição artística compartilhada entre o Sul e o Sudeste Asiáticos.
Cena da peça “As Aventuras de Hanuman”, no ano de 2019, que destaca episódios da versão tailandesa do épico Ramayana, o Ramakien. Disponível em: https://www.nationthailand.com/lifestyle/30376734
O ponto final de nossa viagem pela
Ásia nos fala justamente sobre as inter-relações tecidas pelo épico Ramayana
entre diferentes sub-regiões deste vasto continente. O Museu de Arte Sacra do
Estado de São Paulo,
em colaboração com o Consulado Geral da Índia e com o Centro Cultural Swami
Vivekananda, exibiu o filme “Ramayana, uma cultura em comum”, dirigido por
Benoy Kehl, historiador da arte e documentarista indiano. A história do
príncipe exilado Rama que resgata sua esposa raptada, Sita, com a ajuda um
exército de macacos liderados por Hanuman, uma das divindades mais populares na
Índia contemporânea, permeia a cultura não apenas de sua região de origem, o
Sul da Ásia, mas também do Sudeste Asiático. O documentário explica e ilustra
com representações cênicas aspectos das narrativas e valores compartilhados a
partir do Ramayana.
Embora nosso roteiro não seja
extenso, permite que façamos uma pequena imersão em culturas asiáticas. Boa
viagem!
Referências
COELHO, T. Gesto e detalhe. In:
MUSEU OSCAR NIEMEYER. Ásia: a terra, os
homens, os deuses. Curadoria e textos de José Teixeira Coelho Netto e
Fausto Godoy – Curitiba: MON; Foz do Iguaçu: Itaipu, 2018, p. 15-28.
FIANI, J.L. Prefácio. In: Ásia: a terra, os homens, os deuses.
Curadoria e textos de José Teixeira Coelho Netto e Fausto Godoy – Curitiba:
MON; Foz do Iguaçu: Itaipu, 2018, p. 6.
Websites
Museu Oscar Niemeyer
“Ásia: a terra, os homens, os
deuses” - Parte 1; Parte 2; Parte 3
Gravuras japonesas no
acervo do museu
Casa de la India
Museu de Arte Sacra do Estado de São Paulo
Ramayana, uma cultura em comum
Deidades Indianas Cultuadas no Japão
Mirian Santos Ribeiro de Oliveira, professora de História da Ásia na UNILA