Imagine uma visita hoje por aquilo que um dia foram os campos de concentração nazista. O que você imagina encontrar por lá? “Nada de mais. Talvez cenário horrível de um episódio que passou... ficou no passado.”
Alguém poderia dizer dessa forma. Outro, contudo, com um olhar mais profundo, poderia ao caminhar por aquele lugar ver além do que vêem aqueles que não têm um olhar histórico, crítico, sensível. Veria o que foi cenário de um triste momento da história da humanidade e, olhando para toda a paisagem a sua volta, não iria se iludir: passou o tempo e a natureza cuidou em mudar o cenário, mas as cenas que ali passaram marcaram para sempre a história da Humanidade.
Caminhando pelos corredores, próximo à estrada, aos trilhos, aos bordéis montados pelos militares, é possível ouvir em cada passo um estridente grito de dor daqueles que ali estiveram, pessoas que foram arrebatadas de suas cidades, casas e famílias e que, ao chegarem ali, perderam as vestes, o nome, a identidade. Esse grito inicialmente soa forte, grito de alguém que, mesmo assustado, alimentava a (tola?) esperança que sua situação poderia melhorar. Um novo passo e o grito se enfraquece. Passaram-se dias, o frio tinha chegado e queimava. O trabalho era intenso, havia fome e falta de higiene. Outro passo e quase já não se escuta nada mais.
A morte de milhares de pessoas nos campos de concentração nazista, fruto do sentimento exacerbado de soberania dos nazistas, não é tão diferente das ações de muitos hoje, ainda que estas, felizmente, pareçam ocorrer em menor escala. Em seu preconceito, muitos insistem em desrespeitar seu semelhante e julgá-lo pela sua cor, condição social, orientação sexual, etc. Ora, o nazismo não foi idealizado por um povo que não tinha consciência da gravidade dos fatos. O orgulho ferido e o triste sentimento de superioridade foi o que levou uma nação cheia de grandes intelectuais da época a seguir com um plano tão doente. Hoje, vendo por este ângulo, pensamos como estariam as pessoas se o nazismo não tivesse fracassado. O que pesaria mais, a razão ou o discurso dos vencedores? Nós devemos estar atentos a isto. Não devemos tapar os ouvidos “para o grito que não quer calar”.
Francisco Leandro de Oliveira – 1ª. Turma de Letras e Bolsista Permanência do Programa CineDebate.
E não percam o encerramento do ciclo no próximo sábado, dia 10, às 15:00, nas duas moradias estudantis!
Prof. Paulo Renato da Silva.