Pular para o conteúdo principal

Conquista, Povos Originários e Historiografia: Serge Gruzinski.

O historiador e paleógrafo francês Serge Gruzinski é um dos principais nomes da historiografia sobre a conquista e os povos originários. Sinteticamente, o autor considera que o resultado da conquista foi o nascimento de uma sociedade mestiça. Vejamos, por exemplo, o que Gruzinski escreve sobre a festa de Corpus Christi em Cuzco, no Peru, em 1555 e sobre um dos hábitos adquiridos pelos espanhois na América:
“As etnias desfilavam cantando em sua língua [grifo meu] hinos outrora dirigidos ao Sol, e presentemente destinados ao deus dos espanhóis. Passando diante dos membros do clero, reunidos num estrado, o chefe de cada um dos grupos lhes agradecia por lhes terem ensinado o catecismo. Depois, os índios galgavam os degraus que subiam até o cemitério, a fim de honrar os mortos do ano, uma maneira cristã de reatar com o [antigo] culto dos ancestrais [grifo meu].” (BERNAND, Carmen; GRUZINSKI, Serge. História do Novo Mundo. São Paulo: EDUSP, 2006. v. 2. p. 43-44).
“O uso índio dos psicotrópicos difundiu-se amplamente na Nova Espanha no início do século XVII entre os mestiços, os mulatos e os espanhóis que vivem em contato com comunidades indígenas, em paragens isoladas ou regiões fortemente hispanizadas. Essa propagação exemplifica uma mestiçagem ao inverso, pois são não-índios que “se indianizam”. (op. cit., p. 370).
Prof. Paulo Renato da Silva.

Postagens mais visitadas deste blog

A "Primavera dos Povos" na Era do Capital: historiografia e imagens das revoluções de 1848

  Segundo a leitura de Eric J. Hobsbawm em A Era do Capital , a Primavera dos Povos foi uma série de eventos gerados por movimentos revolucionários (liberais; nacionalista e socialistas) que eclodiram quase que simultaneamente pela Europa no ano de 1848, possuindo em comum um estilo e sentimento marcados por uma atmosfera romântico-utópica influenciada pela Revolução Francesa (1789). No início de 1848 a ideia de que revolução social estava por acontecer era iminente entre uma parcela dos pensadores contemporâneos e pode-se dizer que a velocidade das trocas de informações impulsionou o processo revolucionário na Europa, pois nunca houvera antes uma revolução que tivesse se espalhado de modo tão rápido e amplo. Com a monarquia francesa derrubada pela insurreição e a república proclamada no dia 24 de fevereiro, a revolução europeia foi iniciada. Por volta de 2 de março, a revolução havia chegado ao sudoeste alemão; em 6 de março a Bavária, 11 de março Berlim, 13 de março Viena, ...

A perspectiva na pintura renascentista.

Outra característica da pintura renascentista é o aprimoramento da perspectiva. Vejamos como a Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais se refere ao tema: “Técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da profundidade espacial. Os desenvolvimentos da ótica acompanham a Antigüidade e a Idade Média, ainda que eles não se apliquem, nesses contextos, à representação artística. É no   renascimento   que a pesquisa científica da visão dá lugar a uma ciência da representação, alterando de modo radical o desenho, a pintura e a arquitetura. As conquistas da geometria e da ótica ensinam a projetar objetos em profundidade pela convergência de linhas aparentemente paralelas em um único ponto de fuga. A perspectiva, matematicamente fundamentada, desenvolve-se na Itália dos sécu...