Pular para o conteúdo principal

“El repase” (1888), de Ramón Muñiz



El repase (1888) é um quadro feito pelo pintor espanhol, radicado no Peru, Ramón Muñiz, que denuncia a violência e destaca a participação feminina na Guerra do Pacífico (conflito bélico onde Chile enfrentou Bolívia e Peru, ocorrido entre 1879 e 1883, motivado, principalmente, pela posse de uma área inabitada no norte do deserto do Atacama rica em minérios). O conflito teve uma grande participação de mulheres, conhecidas como “rabonas”, que acompanhavam seus maridos ou filhos, e se encarregavam de cozinhar, lavar os uniformes, cuidar dos ferimentos e, em algumas ocasiões, lutaram ao lado dos homens. Na pintura acima observamos a figura de uma mulher (rabona) de ascendência indígena (provavelmente peruana, devido às características do uniforme de seu marido) que clama por piedade para um soldado chileno. A atitude tomada pela “rabona” é classificada como “el repase”, que é definido como um pedido de compaixão do derrotado que não dispõe de defesa. Ao seu lado vemos o cadáver de uma criança e de um homem, provavelmente seu filho e seu marido.  É interessante notar que a alegoria representa a violência desenfreada que a guerra proporcionou, de ambos os lados. Isso pode ser notado devido a figura dos mortos, dos dois lados do campo de combate, e pela batalha ao fundo. Outro detalhe curioso é que fica evidente a vantagem do lado chileno. Vale lembrar que o Chile venceu o conflito, anexando importantes áreas do Peru e fechando o acesso ao mar da Bolívia.

Paulo Alves Pereira Júnior – Acadêmico de História pela UNILA.

Postagens mais visitadas deste blog

A "Primavera dos Povos" na Era do Capital: historiografia e imagens das revoluções de 1848

  Segundo a leitura de Eric J. Hobsbawm em A Era do Capital , a Primavera dos Povos foi uma série de eventos gerados por movimentos revolucionários (liberais; nacionalista e socialistas) que eclodiram quase que simultaneamente pela Europa no ano de 1848, possuindo em comum um estilo e sentimento marcados por uma atmosfera romântico-utópica influenciada pela Revolução Francesa (1789). No início de 1848 a ideia de que revolução social estava por acontecer era iminente entre uma parcela dos pensadores contemporâneos e pode-se dizer que a velocidade das trocas de informações impulsionou o processo revolucionário na Europa, pois nunca houvera antes uma revolução que tivesse se espalhado de modo tão rápido e amplo. Com a monarquia francesa derrubada pela insurreição e a república proclamada no dia 24 de fevereiro, a revolução europeia foi iniciada. Por volta de 2 de março, a revolução havia chegado ao sudoeste alemão; em 6 de março a Bavária, 11 de março Berlim, 13 de março Viena, ...

A perspectiva na pintura renascentista.

Outra característica da pintura renascentista é o aprimoramento da perspectiva. Vejamos como a Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais se refere ao tema: “Técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da profundidade espacial. Os desenvolvimentos da ótica acompanham a Antigüidade e a Idade Média, ainda que eles não se apliquem, nesses contextos, à representação artística. É no   renascimento   que a pesquisa científica da visão dá lugar a uma ciência da representação, alterando de modo radical o desenho, a pintura e a arquitetura. As conquistas da geometria e da ótica ensinam a projetar objetos em profundidade pela convergência de linhas aparentemente paralelas em um único ponto de fuga. A perspectiva, matematicamente fundamentada, desenvolve-se na Itália dos sécu...