Pular para o conteúdo principal

As classes segundo Hobsbawm.


Resumidamente, para o marxismo, a história é marcada pela luta de classes. Na passagem a seguir, Hobsbawm, marxista, assinala que o debate sobre as classes é bem mais complexo do que pode parecer:
“A história das classes e grupos sociais claramente se desenvolveu a partir da premissa comum de que nenhum entendimento da sociedade é possível sem uma compreensão dos principais componentes de todas as sociedades não mais fundadas primordialmente no parentesco. (...).
(...).
(...). Em certo sentido, [classe] é um fenômeno geral de toda história pós-tribal, em outro, é um produto da moderna sociedade burguesa. Em um sentindo, quase um constructo analítico para dar sentido a fenômenos de outro modo inexplicáveis; em outro, um grupo de pessoas de fato consideradas como pertencentes em conjunto à consciência de seu próprio grupo ou a de algum outro, ou a de ambos. (...).
Além disso, existem gradações de classe. Para empregar a expressão de Theodore Shanin, o campesinato de O 18 Brumário de Marx é uma “classe de baixa classidade”, ao passo que o proletariado de Marx é uma classe de muito alta, talvez máxima, “classidade”. Existem os problemas da homogeneidade ou heterogeneidade de classes; ou, o que pode ser quase a mesma coisa, de sua definição em relação a outros grupos e suas divisões internas e estratificações. (...).
(...). (...) classe não define um grupo de pessoas em isolamento, mas um sistema de relações, tanto verticais quanto horizontais. Assim, é uma relação de diferença (ou semelhança) e de distância, mas também uma relação qualitativamente diferente de função social, de exploração, de dominação/sujeição. A pesquisa sobre classe deve portanto envolver o resto da sociedade da qual ela é parte. Donos de escravos não podem ser entendidos sem os escravos, e sem os setores não escravistas da sociedade. (...). Portanto, os estudos sobre classes, a menos que se limitem a um aspecto deliberadamente restrito e parcial, são análises da sociedade.” (HOBSBAWM, Eric. Da história social à história da sociedade. Sobre História. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 97-99).
Prof. Paulo Renato da Silva.

Postagens mais visitadas deste blog

A perspectiva na pintura renascentista.

Outra característica da pintura renascentista é o aprimoramento da perspectiva. Vejamos como a Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais se refere ao tema: “Técnica de representação do espaço tridimensional numa superfície plana, de modo que a imagem obtida se aproxime daquela que se apresenta à visão. Na história da arte, o termo é empregado de modo geral para designar os mais variados tipos de representação da profundidade espacial. Os desenvolvimentos da ótica acompanham a Antigüidade e a Idade Média, ainda que eles não se apliquem, nesses contextos, à representação artística. É no   renascimento   que a pesquisa científica da visão dá lugar a uma ciência da representação, alterando de modo radical o desenho, a pintura e a arquitetura. As conquistas da geometria e da ótica ensinam a projetar objetos em profundidade pela convergência de linhas aparentemente paralelas em um único ponto de fuga. A perspectiva, matematicamente fundamentada, desenvolve-se na Itália dos sécu...

Exposición fotográfica: “La frontera que atravieso, me atraviesa”.

 El Puente de la Amistad se alza como una vena de cemento y hierro sobre el Paraná, donde en vez de sangre, fluyen cuerpos cargados de historias. Esta exposición invita a mirar el puente y el espacio fronterizo como un archivo vivo, donde cada paso apresurado y cada bolsa cargada, se convierten en un testimonio de resistencia frente al "progreso" que amenaza con borrar identidades y memorias. Aquí, cada cruce es un acto estético y político, una forma de disputar la dignidad en un territorio marcado por la criminalización y la precariedad. En estos tránsitos, la Triple Frontera revela su verdad como un espacio lleno de subjetividades y una historia llena de disputas simbólicas por la dignidad de vivir, transformando lo cotidiano en un gesto de afirmación y lucha.  Imagen I  TORRES, Frida. Puente de historias . [fotografía]. Foz do Iguaçu: Acervo personal de la autora, 2025. El Puente de la Amistad no solo conecta dos países, sino también las memorias de quienes transitan...