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O governo de Baby Doc.

“Mi padre hizo la revolución política, yo haré la revolución económica”.[1] Esta frase teria sido dita por Jean Claude Duvalier quando assumiu o governo em 1971, após a morte de François Duvalier. A mesma constituição que garantia a “presidência para a vida” permitia ao presidente escolher seu sucessor.
Todavia, os fatos que marcaram definitivamente o “reinado” do jovem e inexperiente Duvalier II foi o crescimento da dívida externa, os déficits comerciais e a alta taxa de desemprego. A despeito da ajuda financeira– que vinha sobretudo dos Estados Unidos, e de organizações internacionais – a pretendida “revolução econômica” de Baby Doc não resultou em nenhum desenvolvimento para o país, pelo contrário, acentuou sua pobreza e dependência externa, caracterizando o Haiti como o país mais pobre das Américas ao fim do seu governo. Apesar disto, industrias estadunidenses instalavam-se no país após o anúncio de Nelson Rockefeller de que o país seguia um curso democrático.

The country was too diferente, too interesting – French, African, and fun; painting, voodoo, and good accommodations. With just a hint of tranquility, the tourist returned. Nelson Rockefeller, representing President Nixon, stayed only one night at the Villa Creole, but announced that Haiti was a terrific anti-communist little place. (...) Haiti a democratic country and second only to the U.S.A. as the leading independente republic of the New Word, follows hes destiny on the road of progress and prosperity.[2]

Em 1978 lançou uma o CONEJEC – Conselho Nacional de Ação Jean Claudista, espécie de doutrina governamental. Igual seu programa econômico, resultou em grande fracasso.[3]
A visita do papa João Paulo II ao Haiti também foi representou mais uma “reconciliação” do governo ditatorial, agora com a Igreja Católica.


Papa João Paulo II em visita oficial ao Haiti em 1983, ao lado de Jean Claude Duvalier e Michelle Bennett. Disponível em: http://www.wehaitians.com/babyandpope.jpg Acesso: 22/05/2014.

A manipulação ideológica elaborada por Papa Doc se desfez. A ditadura caminharia para o seu fim.

Samuel Cassiano - estudante do Curso de História - América Latina, da UNILA.


[1] CASTOR, Suzy. Haití: de la ruptura a la transición. NUEVA SOCIEDAD NRO. 82 MARZO-ABRIL 1986, (p.56).
[2] GOLD, Herbert. Haiti: Best nightmare on Earth: a life in Haiti. Disponível em: google book (parcialmente digitalizado) Acesso: 13/12/2013. (p.172) O autor é novelista, esteve realmente no Haiti e produziu este livro onde narra também os fatos históricos, com tom romanceado.
[3] ANTONIN, Arnold. Haití: liberalización y terrorismo de estado. Nueva Sociedad Nro.52 Enero-febrero 1981, pp23-34. (“Mi padre hizo la revolución política, yo haré la económica”).

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