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Mostrando postagens de outubro, 2011

Entre Maria e Marianne: A figura feminina como símbolo da República Brasileira.

Nos textos anteriores sobre a formação do imaginário republicano no Brasil, observamos a transformação de um homem em herói nacional e a importância dos símbolos nacionais.Analisaremos a tentativa dos republicanos em implantar a figura feminina no imaginário popular brasileiro. "A aceitação do símbolo na França e sua rejeição no Brasil permitem, mediante a comparação por contraste, esclarecer aspectos das duas sociedades e das duas repúblicas." (CARVALHO, José Murilo de. A Formação das Almas – O Imaginário da República no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. p.14). A figura feminina já era utilizada na França desde a Revolução Francesa. Antes, a monarquia era representada pela figura masculina do Rei, porém com a proclamação da República essa figura tinha que ser substituída por um novo símbolo, assim começou-se a adotar a imagem da mulher. Na Roma Antiga a figura feminina já era um símbolo de liberdade. Com o avanço da Revolução Francesa, os franceses começar

A força da tradição e a vitória do povo: Bandeira e Hino

No texto anterior sobre a formação da república, postado no dia 25,  observamos a transformação de um homem, que cerca de 100 anos após ser enforcado foi transformado em um herói nacional. Hoje continuarei a escrever sobre a temática. Analisaremos a importância dos símbolos nacionais – a bandeira e o hino – e também a forma como eles foram definidos e implantados. De acordo com José Murilo de Carvalho, os símbolos nacionais expressam o sentimento e a emoção cívica de uma nação. Eles representam muito mais do que hoje costumam ensinar nas escolas. A bandeira não é apenas um pedaço de pano colorido, com algumas cores que representam as florestas e matas do país (que aliás grande parte não existe mais), as riquezas que os portugueses nos roubaram e o céu do nosso país. Não, eles são muito mais que isso. A nossa bandeira verde e amarela é nossa marca registrada e nos representa em todas as situações - boas ou ruins - usamos suas cores com orgulho seja no momento da vitoria ou da derrota

Sarlo analisa Kirchner.

A seguir, análise de Beatriz Sarlo publicada por El País  na véspera da eleição presidencial argentina: "Nadie duda de la victoria de Cristina Fernández de Kirchner. Las elecciones presidenciales argentinas están ganadas desde las primarias abiertas que tuvieron lugar el 14 de agosto. Nada de suspense en lo que concierne a un tercer mandato. ¿Hay algo nuevo en esta situación? ¿Hay algo que tanto opositores como oficialistas pueden festejar juntos? Por supuesto. El tercer periodo del partido de Gobierno marca definitivamente que se han recorrido los tramos más peligrosos del camino iniciado en 1983 con la presidencia de Raúl Alfonsín. Lo que se llamó "transición democrática" ya es un capítulo cumplido. No hay más transición, sino continuidad institucional, sea quien sea el presidente elegido. Valdría la pena, entonces, examinar qué democracia ha quedado después de la transición. El partido de Gobierno, que une a casi todos los afluentes peronistas y lleva como rótulo Fren

Cristo brasileiro: o êxito da república

"Ei-lo, o gigante da praça, O Cristo da multidão! É Tiradentes quem passa... Deixem passar o Titão." [Poema de Castro Alves]  “Heróis são símbolos poderosos, encarnações de ideias e aspirações, pontos de referência, fulcros de identificação coletiva. São, por isso, instrumentos eficazes para atingir a cabeça e o coração dos cidadãos a serviço da legitimação de regimes políticos”. (A Formação das Almas, p.55). A figura de um heroi republicano certamente foi uma das – senão a maior – preocupações e dificuldades dos republicanos. No caso brasileiro, parecia inexistir uma figura com as características acima descritas. No entanto, a figura do heroi era importantíssima para a república brasileira já que a própria população não teve uma participação efetiva na implantação do novo regime. Postulantes à figura de heroi existiam. Eram os próprio envolvidos no 15 de novembro (Marechal Deodoro, Benjamin Constant, Floriano Peixoto). Mas, nenhum deles parecia dispor de carisma que os

A Legitimação do regime republicano no Brasil

Devido a proximidade do 15 de novembro (data da nossa "proclamação da república") abordaremos em algumas das próximas postagens a construção dos imaginários que foram necessários para consolidar o regime republicano e legitimá-lo perante uma população em sua maioria iletrada (daí a importância das simbologias, como hinos, bandeiras e herois). Basearemos essas postagens no livro "A Formação das Almas-O Imaginário da República no Brasil" , de José Murilo de Carvalho. Samuel José Cassiano, Marcelle F. de A. Andrade, Paulo A. Pereira Júnior, Acadêmicos do curso de História, Universidade Federal da Integração Latino Americana-UNILA

Revista Acervo em Formato Digital

O Arquivo Nacional, órgão do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivos (SIGA), disponibiliza notícias, publicações digitais e bancos de documentos, entre eles a coleção da Revista Acervo. Editada desde 1986, “A Acervo” é um periódico institucional que recorta um tema e o trabalha na forma de dossiê. O objetivo é divulgar fontes de pesquisas nas áreas de Ciências Humanas e Sociais. Essa iniciativa tem o propósito de facilitar e tornar acessível os inúmeros temas do periódico. Para visualizar a revista acesse: http://www.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=33 Paulo A. Pereira Júnior - Acadêmico de História da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).

CineDebate, Ciclo Luz, Câmera, Animação: “Valsa com Bashir”.

Quem ou o que pode determinar, na vida de alguém, o momento em que certas indagações o incomodarão e o impulsionarão à busca de um episódio importante na sua vida que ficou esquecido no seu passado? Como essas indagações surgirão e que meios poderão ser usados para despertar tal desejo de respostas? Uma lembrança talvez? E, aliás, qual o significado de todas essas perturbações e em que elas resultarão? Será que vale a pena mesmo dar tanta importância a uma imagem que vem a sua cabeça (mesmo que venha constantemente) e empreender uma busca por respostas e significados ou simplesmente deixar-se acreditar que tudo isso não passa de imaginação, uma criação da mente? Para Ari Folman, protagonista da animação israelense “Valsa com Bashir”, que aborda a guerra do Líbano de 1982 e o massacre dos campos de refúgio palestinos Sabra e Chatila, foi um encontro com um velho amigo seu que marcou o início desse momento de reconstituição de sua memória na busca por respostas sobre aquele terrível even

17 de Outubro de 1945, 66 Anos Depois.

Há 66 anos Perón se consolidava politicamente. Em 1945, Perón era Vice-Presidente, Secretário do Trabalho e Ministro da Guerra de uma ditadura instaurada em 1943. Com a derrota do Eixo na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), cresciam as pressões pela democratização do país. Para acalmar as pressões, Perón renunciou aos cargos e, dias depois, foi detido pelo governo do qual participava. No entanto, milhares de trabalhadores foram às ruas de Buenos Aires exigir a sua libertação, o que ocorreu em 17 de outubro de 1945. A ditadura estava com os dias contados e convoca eleições, vencidas por Perón em fevereiro de 1946. O 17 de outubro de 1945 é um dos episódios mais enigmáticos do peronismo. Um movimento autônomo/espontâneo ou organizado por sindicatos? Os trabalhadores saíram em defesa de Perón ou das medidas sociais e trabalhistas recentemente conquistadas? Evita teve um papel de destaque no dia ou esta é uma imagem criada pela propaganda peronista? O dia representa o nascimento político

Conquista, Povos Originários e Historiografia: Janice Theodoro.

Em América Barroca , Janice Theodoro critica a visão de que os povos originários foram vencidos pela conquista da América. Segundo a autora, analisar a História em termos de vencedores e vencidos pressupõe que os sujeitos e grupos envolvidos em determinado processo possuam uma mesma cultura, que viveram o processo de modo parecido, o que não seria o caso da conquista. O s astecas, por exemplo, não tinham uma imagem negativa da morte. Em virtude disso, questiona que tenha se formado uma América mestiça. Para Theodoro, mestiçagem significa assimilação e isto apenas seria possível entre povos com um mesmo padrão cognitivo, o que também não seria o caso de europeus e povos originários. O latino-americano dominaria universos simbólicos distintos e teria um comportamento “adequado” dentro de cada um deles: teria um comportamento na capela, outro no Carnaval e outro na “Festa dos Mortos” sem ser “incoerente”. Por isso a autora se refere à América como barroca, pois seria policultural e nã

Conquista, Povos Originários e Historiografia: Serge Gruzinski.

O historiador e paleógrafo francês Serge Gruzinski é um dos principais nomes da historiografia sobre a conquista e os povos originários. Sinteticamente, o autor considera que o resultado da conquista foi o nascimento de uma sociedade mestiça. Vejamos, por exemplo, o que Gruzinski escreve sobre a festa de Corpus Christi em Cuzco, no Peru, em 1555 e sobre um dos hábitos adquiridos pelos espanhois na América: “As etnias desfilavam cantando em sua língua [grifo meu] hinos outrora dirigidos ao Sol, e presentemente destinados ao deus dos espanhóis. Passando diante dos membros do clero, reunidos num estrado, o chefe de cada um dos grupos lhes agradecia por lhes terem ensinado o catecismo. Depois, os índios galgavam os degraus que subiam até o cemitério, a fim de honrar os mortos do ano, uma maneira cristã de reatar com o [antigo] culto dos ancestrais [grifo meu].” (BERNAND, Carmen; GRUZINSKI, Serge. História do Novo Mundo . São Paulo: EDUSP, 2006. v. 2. p. 43-44). “O uso índio dos psicotró

Conquista, Povos Originários e Historiografia: Héctor Bruit.

Dando prosseguimento ao debate, vejamos a posição do historiador chileno Héctor Bruit sobre os povos originários diante da conquista da América. Bruit discorda da imagem passiva dos povos originários presente em autores como Miguel León-Portilla e destaca que houve resistências. Nas suas palavras, os povos originários simulavam diante dos europeus, o que teria melado o projeto colonizador: “(...) seria possível um comportamento tão passivo, tão destituído de caráter, tão servil, por parte dos ameríndios perante a invasão de seus territórios? (...). Em outras palavras, a imagem acerca dos índios contém duas vertentes aparentemente contraditórias, mas que se juntam numa concepção surpreendente do processo histórico da conquista. Por um lado, os índios aparecem derrotados e conquistados com relativa facilidade, e sua passividade lhes tira a condição de sujeitos ativos e centrais do processo, ficando assim fundada a idéia de que o processo social do continente, já desde o início de sua m

Conquista, Povos Originários e Historiografia: Miguel León-Portilla.

A Visão dos Vencidos: a tragédia da conquista narrada pelos astecas , livro publicado em 1959 pelo antropólogo e historiador mexicano Miguel León-Portilla, apresenta uma História da conquista do México por Hernán Cortés a partir de testemunhos indígenas, como o poema anônimo de Tlatelolco postado ontem. Trata-se de um exemplo da chamada “História dos Vencidos” ou ainda da “História Vista de Baixo”, dentre outras denominações possíveis. Ao enfocar os relatos indígenas, o autor ressalta a violência da conquista e colabora para desfazer alguns mitos como o de nossa mestiçagem, a qual, por vezes, transmite a imagem de que a formação da América Latina foi harmônica. Para encerrar, vejamos um testemunho de "A Matança de Cholula" presente no livro: “De sua parte, as pessoas simples ficam apenas tomadas pelo medo. Não fazem mais do que se sentir desesperados. É como se a terra tremesse, como se a terra rodopiasse ao redor dos seus olhos. (...). Tudo era um assombro.” (apud LEÓN-PORT

Poema Anônimo de Tlatelolco (1528) sobre a Conquista do México.

“Nos caminhos jazem lanças quebradas, Os cabelos estão espalhados. Destelhadas estão as casas, Ensangüentados têm seus muros. Vermes pululam por ruas e praças, e as paredes estão salpicadas de miolos. Vermelhas estão as águas, como se fossem tingidas, e quando as bebemos, é como se bebêssemos água de salitre. Batíamos, insistentes, nos muros de adobe, e era nossa herança uma rede de buracos. Os escudos foram a sua proteção, mas nem com os escudos pôde ser impedida a solidão...” (Apud LEÓN-PORTILLA, Miguel. A Visão dos Vencidos: a tragédia da conquista narrada pelos astecas . Porto Alegre: L&PM, 1985. p. 15). Prof. Paulo Renato da Silva.

2 anos sem Mercedes Sosa.

Reproduzo texto que publiquei no painel do leitor do site de O Globo  em 5 de outubro de 2009, dia seguinte ao falecimento de Mercedes Sosa: Mercedes Sosa, a Voz da América A Argentina alimentou - e alimenta -, a partir de Buenos Aires, a imagem de país europeizado e de classe média. Para muitos, sobretudo estrangeiros, Buenos Aires é a essência do país. A cantora Mercedes Sosa demonstrou a fragilidade dessa imagem. Tornou-se uma das principais referências da cultura argentina e latino-americana vindo da "distante" Província de Tucumán, localizada no noroeste do país, a mais de mil quilômetros de Buenos Aires. No país que, proporcionalmente, recebeu o maior contingente de imigrantes europeus em todas as Américas, Mercedes Sosa destacou-se por cantar a cultura indígena e popular, muito presentes em sua província natal e em sua história familiar. No país das "loiras magras", Mercedes Sosa, com sua silhueta variante, mas sempre avantajada, era chamada carinhosamente de

2 anos sem Mercedes Sosa: "Canción con todos".

Prof. Paulo Renato da Silva. 

2 anos sem Mercedes Sosa.

A cantora argentina Mercedes Sosa faleceu em 4 de outubro de 2009. Nesta semana o blog faz uma pequena homenagem a uma das vozes mais representativas da América Latina. A seguir, Duerme Negrito : "Duerme, duerme, negrito Que tu mama está en el campo, negrito Duerme, duerme, mobila Que tu mama está en el campo, mobila Te va traer codornices Para ti. Te va a traer rica fruta Para ti Te va a traer carne de cerdo Para ti. Te va a traer muchas cosas Para ti. Y si el negro no se duerme Viene el diablo blanco Y zas le come la patita Chacapumba, chacapumba, apumba, chacapumba. Duerme, duerme, negrito Que tu mama está en el campo, Negrito Trabajando Trabajando duramente, (Trabajando sí) Trabajando e va de luto, (Trabajando sí) Trabajando e no le pagan, (Trabajando sí) Trabajando e va tosiendo, (Trabajando sí)  Para el negrito, chiquitito Para el negrito si Trabajando sí, Trabajando sí Duerme, duerme, negrito Que tu mama está en el campo Negrito, negrito, negrito."